09 novembro 2020

Crônica do meio dia

Quem envelheceu?

Luciano Siqueira

 

Jamais me animei a opinar sobre a conduta pessoal e os valores de quem quer que seja. Salvo quando cabe a crítica política, e assim mesmo no terreno das ideias. Nunca personificadas em fulano ou beltrano.

Porque em princípio todas as pessoas são livres para escolherem suas ideias e o modo de se comportar.

E merecem respeito.

Mesmo o cara que se elegeu presi8dente da República em circunstâncias muito atípicas e se conduz sem eira nem beira. Seu destino político será resolvido pela maioria dos eleitores em 2022, na hipótese mais plausível.

Mas tem umas coisinhas – como diria o poeta Vinícius – que me intrigam. A preocupação com a velhice, por exemplo.

Ora, quase no início da terceira década do século 21, são tantas as variáveis que concorrem para o prolongamento da vida que parece sem sentido especular se fulano aos 70 está muito velho, ou sicrana tem ou não o mesmo charme da juventude.

Toda idade tem seu fascínio, creio.

Pelo menos sinto e vivo assim.

Nunca tive tempo para parar e pensar se envelheci ou não.

E cá com meus ousados botões, acho sinceramente que, tendo passado dos setenta, guardo nenhuma semelhança com os setentões de vinte ou trinta anos atrás. Sinto-me jovem, disposto à luta, a sensibilidade e a energia a flor da pele.

O comentário vem a propósito de uma entrevista que ouvi no rádio hoje cedo, só uma passagem rápida, em que a entrevistada – uma “doutora” de que área não sei – se dizia preocupada com o próprio envelhecimento.

Quer dizer: a distinta senhora alcançou o doutorado em alguma matéria, vê-se importante para conceder entrevista em rede nacional de rádio e parece retornar décadas ao discorrer sobre sua condição etária!

A juventude é um estado de espírito, dizem.

Nem tanto. Diria que é um conjunto de variáveis que, harmonicamente e sob o impulso de um projeto de vida, se traduz em atitude entusiasta e ativa diante da vida.

Simples assim?

Não. Depende fundamentalmente de sua disposição de ir adiante e seguir experimentando coragem, entusiasmo, solidariedade e prazer.

Prazer? Sim, minha gente. Se você estiver bem, ou seja, disposto a enfrentar a vida como ela é, o prazer flui – nas suas diversas dimensões e formas.

Tem dúvidas? Experimente.

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