03 março 2021

Luta sempre atual

 

As bandeiras de luta por igualdade entre mulheres e homens ainda não podem ser guardadas

Glauce Medeiros*


Quais bandeiras ainda precisamos levantar para defender a igualdade de gênero? Em um país tomado por pautas conservadoras, altas taxas de feminicídio e por uma pandemia cujas principais vítimas são as mulheres - seja por causa do desemprego ou pelo acúmulo de tarefas, afirmo que todas as bandeiras precisam estar visíveis. Mesmo aquelas mais antigas. Quando tecelãs russas foram às ruas reivindicar melhores remunerações, condições de higiene e menor carga de trabalho, o mundo marcava o ano de 1917 no calendário. O movimento foi, inclusive, o estopim para a Revolução Russa. Estamos em março de 2021 e reivindicações semelhantes às das russas permanecem no foco das atenções de quem luta pela igualdade entre mulheres e homens.

Este ano, por conta dos riscos de contaminação pela Covid-19, não estaremos nas ruas no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. A equipe da Secretaria da Mulher do Recife, no entanto, continua atenta ao cumprimento de políticas públicas para todas as mulheres. Março nos chega como mais um propulsor dessa luta diária por direitos. Um mês para reforçarmos o diálogo junto com a sociedade e alcançarmos públicos ainda não engajados no mesmo ideal. Março funciona como um chamado para mais reflexões.

No Recife, um modelo dessa política de inclusão é o protagonismo na paridade de gênero na gestão. A Prefeitura do Recife investe cada vez mais na transversalidade das políticas para mulheres.

As recifenses já contam com serviços específicos na proteção das mulheres em situação de violência doméstica e/ou sexista no Centro de Referência Clarice Lispector, no bairro da Boa Vista. A novidade é que o Clarice estará descentralizado nos Compaz Dom Helder Câmara, no Coque; no Ariano Suassuna, no Cordeiro; e no Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha. As equipes estarão ainda mais próximas das mulheres vitimizadas e muitas vidas poderão ser salvas a partir dessa iniciativa, uma promessa de campanha do prefeito João Campos.
Por mês, 50 novas mulheres ingressam no Clarice Lispector. É um trabalho de fôlego, levado à frente por uma equipe sensível e preparada. As mulheres são acompanhadas por psicólogas, assistentes sociais e advogadas, prontas para atender a mulher em todas suas demandas. O Clarice conta, ainda, com o serviço Liga Mulher (0800 281 0107), que presta orientação e também ajuda com encaminhamentos. A Secretaria da Mulher disponibiliza também o atendimento via whatsapp, através do número 9488 6138. O serviço funciona 24 horas, de domingo a domingo.

O Centro da Mulher Metropolitana Júlia Santiago, em Brasília Teimosa, mantido em parceria com a Secretaria da Mulher de Pernambuco, é outro equipamento importante no município, pois funciona como um espaço multiplicador de políticas de gênero nas comunidades. Lá, realizamos oficinas, ações de escuta das mulheres, divulgação de redes de serviços municipais, além de cadastramento das organizações e cursos de formação.

Outro serviço essencial oferecido a mulheres pela Prefeitura do Recife, e único no país, é o Centro de Atenção à Mulher Vítima de Violência Sony Santos, ligado à Secretaria de Saúde do Recife. O espaço é humanizado e funciona no Hospital da Mulher do Recife, no Curado. Em um mesmo local, a vítima pode se submeter ao exame pericial e fazer o boletim de ocorrência, além de ser atendida por uma equipe multidisciplinar, formada por médica, enfermeira, psicóloga e assistente social.

A Secretaria da Mulher do Recife, em parceria com a Escola de Governo, também reforçou a oferta de cursos de formação em gênero para os servidores e servidoras municipais. Em março, o público externo também poderá ser beneficiado com a abertura de vagas em cursos de prevenção à violência contra a mulher.

Penso que o cálculo deve ser sempre uma mulher a mais. Uma mulher a mais fora do ciclo de violência, fora da pobreza. Uma mulher a mais nos espaços públicos de decisão. Assim, avançaremos rumo à superação de toda forma de opressão e poderemos dobrar e guardar as bandeiras seculares de luta.

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