No São João não sou ex*
Luciano Siqueira
instagram.com/lucianosiqueira65
Encontro casualmente o amigo que não vejo há anos:
— E aí doutor Luciano, pronto para dançar muito
forró?
— Nada...
— Então é um ex-forrozeiro?
Na verdade, a essa altura do campeonato, a idade
avançada, sou ex muita coisa — artesão, médico, deputado, vereador,
vice-prefeito, presidente do PCdoB —, mas ex-forrozeiro, não.
Creio que por duas razões, digamos, viscerais. Não
sou dado a dançar e sofro com incômoda alergia à fumaça das fogueiras. Durante
toda a festa lacrimejo e espirro, continuamente.
O fato que estarei no animadíssimo forró familiar,
disciplinadamente.
Só isso.
No máximo tomarei umas boas lapadas de cachaça ou
uísque e farei fotos da festança.
E confesso que se me jogasse pra valer na festa
deixaria de lado essas quadrilhas estilizadas, hoje lamentavelmente
majoritárias em toda parte.
A quadrilha típica, tradicional, cede espaço para
essa que parece muito influenciada pelo country norte-americano — e que em nada
combina com pamonha, canjica, bolo de milho, pé de moleque e quejandos.
Prefiro cantarolar (lembrando a voz de Silvio
Caldas) "é noite de Sáo João/o meu balão vou soltar/balão que fiz com as
cartas/daquela que não me quis amar..."
*Texto da minha coluna desta quinta-feira no portal Vermelho
Ilustração: Assis Costa
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