Os movimentos acentuados de valorização e desvalorização
cambial observados nos últimos dias não decorrem de uma fragilidade brasileira
na sua capacidade de financiamento externo. Diferentemente de outras crises
externas, a solvência brasileira em moeda estrangeira não está em questão,
tanto devido ao elevado volume de reservas cambiais, quanto devido à contínua
capacidade do país de atrair investimentos estrangeiros diretos e em carteira,
que não se reduziu de maneira significativa mesmo com a turbulência dos últimos
meses. Não se observa uma fuga de capitais da economia brasileira como ocorreu
nas crises dos anos 1990 e 2000, quando o Brasil apresentava grande fragilidade
externa, com sua dívida pública dolarizada e poucos ativos em moeda
estrangeira. Ao contrário, o fluxo cambial permaneceu comportado, com a entrada
de US$ 900 milhões no país na semana encerrada em 18 de setembro. Além disso, a
desvalorização cambial (que já completa mais de um ano) já começa a apresentar
seus efeitos positivos nas contas externas brasileiras, reduzindo rapidamente
os déficits em transações correntes, que segundo estimativas do BC devem fechar
o ano em 3,7% e reduzir ainda mais em 2016.
Fonte: Fundação Perseu Abramo
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