Exportar com mais valor
Aldo Rebelo, no portal Vermelho
A economia brasileira já surgiu sob a ambivalência do extrativismo e da manufatura – com o pau-brasil exportado em toras para extração de corante de tecidos e a inovadora indústria do açúcar, que fez a riqueza da Colônia já na primeira metade do século 21. Desde então, combinamos necessidade e possibilidade de vender recursos naturais em bruto ou agregar valor, como, por exemplo, produzir o corante (e ter mais lucro) em vez de fornecer (a preço baixo) o tronco do pau-de-tinta.
Muitas iniciativas já foram tomadas para a recepção
de tecnologia, substituição de importações e competitividade da indústria
nacional, mas ainda mantemos a contradição de ter como esteios da balança
comercial produtos primários não processados, como minerais e agropecuários.
Sétima economia do mundo, com um mercado interno pujante, não faz sentido
vendermos minério de ferro e comprar trilho com ele produzido. Daí a
importância da decisão do governo brasileiro de compartilhar matéria-prima
estratégica, desde que com completa participação nacional na cadeia produtiva.
É o que neste momento estamos fazendo com as
terras-raras, um filão de 17 elementos químicos abundantes em nosso território
empregados em indústrias de ponta para produção de ímãs, celulares, aparelhos
de ressonância magnética, carros híbridos e catalisadores, mísseis turbinas,
etc. Um acordo firmado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com a
Alemanha contempla exploração e processamento desses minérios, incorporando
empresas brasileiras em todas as etapas de produção.
O Brasil tem urgência em assimilar inovações
tecnológicas disponíveis e desenvolver as próprias, para diversificar a
indústria e valorizar a pauta de exportações. Os produtos manufaturados com
alto valor agregado rendem mais divisas e geram empregos mais bem remunerados.
Criamos mais de 20 milhões de postos de trabalho na última década, mas com
remuneração proporcional à baixa tecnologia utilizada.
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