Frente Brasil Popular, de luta e conquista
Walter
Sorrentino, no portal Vermelho
Ultimaram-se nesta segunda feira os preparativos
para o lançamento da Frente Brasil Popular. Volto ao tema porque ele segue
central na conjuntura imediata brasileira.
Frente Popular no Brasil é
promessa de luta e esperança de conquistas. Ela é necessária não apenas do
ponto de vista imediato, para constituir um núcleo básico à promover ampla
união de forças democráticas, patrióticas e progressistas, frente à escalada golpista
das forças reacionárias em nosso país, mas também, para prosseguir adiante da
jornada de construção de um projeto nacional de desenvolvimento, a partir das
conquistas alcançadas neste ciclo de governos e se fortalecer para fazer frente
à atual encruzilhada em que se encontra.
Encruzilhada, porque no plano
interno, serão precisos outros caminhos políticos, econômicos e sociais para
avançar nos mesmos propósitos. No plano externo, porque se está em meio à
segunda grande crise da história do capitalismo, a crise da grande estagnação,
cujas saídas ainda são hegemonizadas pelas mesmas forças rentistas que a
detonaram. O Brasil não teve todas as forças necessárias para sair ileso da
terceira onda da crise, que acomete os países em desenvolvimento. Acredita-se
que se conhecerá, pela segunda vez em sua história desde 1930 ,dois anos
seguidos de recessão.
Nenhum processo transformador no
Brasil vingou sem duas pré-condições absolutamente necessárias, mesmo quando
não suficientes: união de amplas forças e articulação de um possante movimento
popular em sustentação das mudanças. Sempre se exigiu também a força dos ideais
transformadores, traduzidos em rumos políticos justos a cada momento.
A lição continua atual. A frente
popular será continuação, em patamar mais maduro, do Fórum Nacional de Lutas e
da Coordenação dos Movimentos Sociais, de memória recente. Cumprirá seu papel
se compreende que toda luta social é uma luta diretamente política e, como tal,
é legítimo aspirar um projeto nacional popular, contando com as forças do
Estado Nacional soberano a serviço do desenvolvimento econômico e social, que
integre o povo brasileiro à novas conquistas civilizatórias tão arduamente
ansiadas.
Nasce, pois, um novo sujeito
político protagonista, que une as tradições de luta e o espírito democrático
com que constrói sua plataforma, próprio do ambiente de respeito que existe
entre os que comungam um mesmo ideário de valores, mesmo havendo distintas
posições políticas diante da conjuntura.
Um sujeito que liga a combatividade
do MST e da UNE, a força da CUT e da CTB, entre dezenas de entidades nacionais
do movimento popular, e as une a forças e personalidades políticas da esquerda,
partidárias ou não, da sociedade civil, do mundo intelectual e cultural. Quero
crer, que o embrião dessa unidade autônoma nasceu nos embates do segundo turno
eleitoral de 2014, num confronto agudo de campos políticos em que não havia nem
podia haver omissão.
Enfim, trata-se de um bloco
político e social de afinidade com as bandeiras da esquerda, progressistas,
patrióticas e democráticas. A Frente Brasil Popular debaterá em Assembleia
Popular em Belo Horizonte, no próximo sábado (05), com milhares de
representantes dessas forças, e lançará seu Manifesto à Nação, ao lado do
propósito de estruturar a frente popular em todo o país.
Num programa de poucos pontos,
mas concretos e vívidos, a unir estas forças está a defesa da democracia contra
a escalada golpista dos grupos reacionárias, em que se criminaliza a política e
se partidariza a Justiça; a soberania nacional e a integração regional
sul-americana; e, sobretudo, os direitos sociais dos trabalhadores e do povo,
combatendo para que o governo e o Estado brasileiro façam um contraponto à
tendência dominante no mundo de pagar a crise com a austeridade sobre o povo e
os interesses da nação.
A enriquecer essa pauta, a
Assembleia do dia 05 provocará a discussão de como integrar a ela os anseios
sentidos de todo o povo e dos movimentos sociais, sua grandeza de
representatividade e de luta. Pretende-se que todos saiam armados e mais unidos
para os embates imediatos frente à conjuntura política e econômica, que segue
grave, instável e de desfecho indefinido.
Numa perspectiva sintética,
poder-se-ia dizer que no centro estratégico dessa plataforma está a luta pelas
reformas democráticas estruturantes, para avançar no projeto nacional de
desenvolvimento a serviço do povo, da soberania nacional e da democracia. Nesse
movimento deve se aprender a lição dos últimos anos, e pautar de fato, uma
agenda governamental que enfrente a natureza profundamente conservadora do
Estado brasileiro. E deve-se alcançar unidade tática a cada momento, em fazer a
resistência para preservar as conquistas alcançadas pelo campo político popular
e os governos eleitos por ele, a ser utilizadas como alavanca para prosseguir
no projeto, em nova e mais desfavorável, correlação de forças.
Deve-se considerar que a maior e
mais imediata dessas conquistas a preservar atende pelo nome de democracia e
pelo mandato legítimo e constitucional da presidenta Dilma Rousseff. Mas sempre
contando com as forças autônomas do movimento político e social para fazer a
disputa de seu projeto na sociedade, com o que pode se ajudar o governo ou
impeli-lo a avançar.
É isso o que vai nascer neste 5
de setembro nas Minas Gerais, solo onde germinou a luta de Tiradentes. Será a
forma mais elevada de saudar o dia da Independência.
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