É necessário criar
Aldo
Rebelo, no portal Vermelho
Os
historiadores aceitam que a “escola” de Sagres não foi um estabelecimento de
ensino no conceito moderno. Mas, aos olhos do presente, pode-se afirmar que o
estaleiro criado no século XV pelo infante dom Henrique em Portugal já surgiu
no futuro. De um modo visionário, que somente séculos depois governos e grandes
empresas conceberiam, o que funcionou na vila de Sagres foi um instituto de
tecnologia e inovação.
Cartógrafos, astrônomos,
navegadores desenharam cartas náuticas com inéditas indicações de latitude,
projetaram navios velozes, desenvolveram técnicas de navegação, inovaram no uso
dos instrumentos conhecidos – e palmilharam o mundo ignoto ao fim dos oceanos,
Nessa empresa marítima que enfunaria as velas da primeira globalização,
Portugal tornou-se potência planetária na etapa revolucionária de irrupção do
capitalismo mercantil. Sagres forjou a Era dos Descobrimentos e modelou nova
geopolítica do mundo. O Brasil é uma dádiva dessa fase fecunda da História.
Nesta semana, estivemos em
Portugal para firmar acordos de cooperação científica, tecnológica e no campo
da Inovação com instituições portuguesas de alto nível e prestígio
internacional. A tecnologia deitou raízes nas duas nações, e os Estados
nacionais brasileiro e português remontam à fortuna científica e tecnológica
que floresceu na Vila do Infante no Algarve. Como no passado, ainda temos muito
a aprender com Portugal nos ramos mais avançados do Conhecimento, como
Nanotecnologia, Inovação e Engenharia para indústrias da mobilidade,
iniciativas de divulgação científica, entre outros ainda em avaliação.
Herdamos dos portugueses o
espírito da investigação e conquista, desde o tempo em que recebemos os
primeiros artefatos tecnológicos. A engenhosidade, a inventividade, o gosto
pela inovação compartilhamos na poesia épica de Fernando Pessoa, num dos mais
belos e menos citados versos do poema Navegar É Preciso: “Viver não é
necessário / o que é necessário é criar.”
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