O pior dia para Cunha deflagrar o impeachment
Luis Nassif, no GGN
Há duas circunstâncias que levam ao impeachment: a perda total da base de apoio e a legitimidade do pedido. Nenhuma das duas circunstâncias está presente no momento.
Aliás, a grande notícia é a de que a presidente – e o país – livraram-se de um chantagista.
O papel da oposição é complexo. Por mais que a popularidade da
presidente Dilma Roussef esteja em baixa, como justificar a aliança com um
futuro réu condenado – e provavelmente preso – contra uma presidente sem nenhum
respingo da corrupção levantada pela Lava Jato?
CUNHA ESCOLHEU O PIOR DIA PARA DAR ENCAMINHAMENTO AO IMPEACHMENT.
1. Com o PT votando pela admissibilidade do julgamento, seu gesto
caracterizou retaliação e juridicamente abuso de poder.
2. Foi no dia em que foi votado a mudança da meta fiscal, regularizando
definitivamente todas as pedaladas fiscais.
3. Foi na mesma semana em que Cunha foi acusado de receber dinheiro do
BTG para modificar projetos de lei, comprovando a impossibilidade de ele
continuar presidindo a casa.
A aprovação das mudanças fiscais ocorreu depois do encaminhamento da
proposta de impeachment, comprovando que, aos poucos, inequivocamente o governo
começa a reconstruir sua base no Congresso.
O ano termina agora. Há uma boa probabilidade da aprovação da CPMF no
primeiro trimestre de 2016, graças a um pacto entre governadores e prefeitos.
É possível que o gesto de Cunha tenha finalmente supurado a infecção que
conturbava o ambiente político, com a presidência da Câmara entregue ao mais
suspeito dos seus membros.
Espera-se que, agora, haja alguma dispersão desse exército das trevas
que saiu das profundezas para ser liderado por Eduardo Cunha.
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