Uma luta de todos nós
Geraldo Julio*
A confirmação da relação entre
o vírus zika e a microcefalia, anunciada pelo Ministério da Saúde no último
sábado, acendeu um novo alerta, que nos exige ainda maior mobilização e força,
no combate ao mosquito Aedes aegypti também responsável pela transmissão da
dengue e da chicungunha. Enquanto as pesquisas avançam, nosso esforço imediato
deve estar voltado à prevenção. Agir rápido, fazer tudo o que estiver ao nosso
alcance para evitar a proliferação da doença.
O Brasil vem enfrentando a
guerra silenciosa contra o mosquito desde a década de 1980. Passados mais de 30
anos, seguimos em uma luta diária que, no entanto, não conseguiu impedir a
disseminação deste transmissor em todos os estados do País. Sob este ângulo, é
inevitável constatar que as ações foram, até aqui, insuficientes. É hora do
Brasil, de Pernambuco e do Recife vencerem, definitivamente, mais esta batalha.
E uma vitória assim só se conquista coletivamente. O êxito de qualquer medida
exigirá, portanto, uma ação nacional, com envolvimento do Governo Federal, dos
Estados, dos municípios e, principalmente, de toda a sociedade brasileira. É
imprescindível e urgente unir esforços, arregaçar as mangas e ir a campo
enfrentar, nas ruas, de casa em casa, a proliferação do mosquito. Tive a
oportunidade de apresentar ao Ministério de Saúde o plano de enfrentamento
proposto pelo Recife. Estamos em busca de mais investimentos para dobrar o
número de agentes de endemias, uma medida decisiva para proteger nossa população.
Nossa capital, no entanto, não parou de agir um só dia. Na sextafeira, reuni o
secretariado para organizar a mobilização de todos os setores da prefeitura.
Neste fim de semana, iniciamos uma nova ofensiva. Mais de mil casas foram
vistoriadas no primeiro dia de um trabalho intersetorial, que envolve a ação
direta de quatro secretarias. No domingo, diante da gravidade do problema,
anunciamos, junto com o governador Paulo Câmara, o decreto de situação de
emergência. Estudos apontam que o maior número de focos de procriação do
mosquito, mais de 90% deles, é intradomiciliar, isto é, está dentro das casas.
Principalmente em caixas d’água, tanques, tonéis ou baldes, em que as pessoas
estocam água para consumo. Como sabemos, água limpa e parada é o habitat ideal
para as larvas. Por isso a necessidade de vedação, com tampas ou telas, para
impedir a reprodução do inseto transmissor. Este quadro tão sério, causado por
um inimigo quase invisível, mas numeroso e resistente, exige a participação de
todos. Afinal, o poder público não pode estar em todos os lugares ao mesmo
tempo. Precisamos unir esforços, junto com escolas, igrejas, movimentos
sociais, imprensa e toda a população, que pode sair de condição de vítima para
o lugar de vencedor nessa guerra pela vida. Só com muita dedicação,
solidariedade e perseverança vamos superar os desafios que se apresentam. Nesta
segunda-feira, estive com o Governador, meus colegas prefeitos pernambucanos e
o Ministro da Saúde, Marcelo Castro, para discutirmos estratégias conjuntas.
Posso assegurar, não faltarão trabalho e entrega das nossas equipes. E, por
saber que estaremos todos juntos, não tenho dúvidas de que vamos vencer esta
batalha. Como cidadão e prefeito, estou a postos e convido a cada recifense
para participarmos, todos os dias, desta guerra contra o mosquito, desta luta
cidadã em defesa da vida em uma cidade mais saudável, humana e com o olhar de
esperança para o futuro.
*Geraldo
Julio é prefeito do Recife e secretário Nacional do Partido Socialista
Brasileiro (PSB)
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