Luciano Siqueira, no Blog de
Jamildo/portal ne10
Não se
discute a dimensão e a gravidade da crise em que está envolto o Brasil.
Perversa confluência da crise sistêmica e estrutural do próprio sistema
capitalista mundial com fragilidades estruturais de nossa própria economia e erros
de governo.
Acresce
a instabilidade política institucional, na esteira do esgarçamento e da perda
de credibilidade dos três poderes da República.
Demais,
com a fragilidade dos grandes partidos e o borramento da imagem dos seus principais
líderes, há evidente carência de interlocutores, na cena nacional, capazes de
buscar - como em outros momentos críticos de nossa história republicana -
soluções consistentes para os impasses que se acumulam.
O
governo Temer - interino e carente de respaldo institucional e de credibilidade
- está a anos luz de distância de qualquer possibilidade de ser a solução. Ao
contrário, investe alucinadamente contra conquistas alcançadas na última década
e meia e retorna, com sofreguidão incomum, ao figurino neoliberal derrotado nas
urnas quatro vezes seguidas na era pós-FHC.
O
Congresso Nacional, palco natural de tratativas em favor de alternativas
viáveis, a cada dia soçobra sob a espada de Dâmocles dos casos de corrupção.
Nesse
contexto, há que se tentar uma saída política via um pacto nacional, que
viabilize uma ampla consulta à sociedade através de um plebiscito acerca da antecipação
das eleições presidenciais.
A
fórmula jurídica se encontra - como comumente acontece em situações assim.
Tal
pacto pressupõe tanto a inviabilidade política da continuidade do governo
Dilma, se o Senado não consumar o impeachment, como do governo Temer.
Desse
modo, reuniria o movimento democrático que se rearticulou e ganha crescente
dimensão na contraposição ao impeachment, os movimentos sociais e setores das
atuais hostes governistas.
Fácil?
Obviamente não. Por isso há um longo e ao mesmo tempo urgente caminho a
percorrer, trazendo a lume, inclusive, novos interlocutores verdadeiramente
empenhados numa saída política factível.
Novos interlocutores,
sim: personalidades com credibilidade ou potencialmente capazes de se afirmarem
no processo de entendimento nacional e lideranças políticas emergentes. Pois
hoje carecemos de gente como Arraes, Tancredo, Ulysses, Brizola, Franco Montoro
e outros, que expressavam, sob diferentes matizes, compromisso essenciais com o
interesse público, hoje tão escassos na maioria dos personagens presentes da
cena política.
Por enquanto,
ainda não suficiente convergência no sentido dessa saída política. Mas a
realidade certamente imporá a sua necessidade.
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