Luciano Siqueira, no Blog de
Jamildo/portal ne10
Que mil
flores desabrochem e um milhão de escolas de pensamento possam se expressar. A
frase parece exagerada, mas cabe na atual situação do país - para que se
busquem saídas para a crise mediante proposições factíveis e alicerçadas num
grau possível de consenso entre as correntes políticas e os segmentos sociais
comprometidos com a democracia.
Porque
o debate é imprescindível. A polêmica é necessária. E o respeito às diferenças
há que permear o confronto de ideias.
Entretanto,
entre grupos mais ativos e de algum modo presentes na cena política o grau de
sectarismo e intolerância é elevado.
Em
parte, pelo incremento do preconceito e do ódio na esteira das manifestações
assumidamente de direita.
E
também, no campo à esquerda, pela extrema dificuldade de alguns em examinar a
realidade em sua inteireza, reconhecendo - do ponto de vista político - a real
correlação de forças.
Também
à esquerda, a omissão diante de erros cometidos - que em nada contribui, salvo
para bloquear a busca efetiva da superação das dificuldades.
Nesse
cenário, aos partidos políticos costumeiramente chamados de
"programáticos", por ultrapassarem os limites de mera legenda para
disputas eleitorais, se recomenda coerência e coragem cívica.
Sem
nenhuma presunção, cá com meus botões de militante, ressalto o exemplo do
PCdoB, que não abre mão da defesa firme de suas próprias opiniões e, ao mesmo
tempo, dialoga ampla e indiscriminadamente com todas as forças políticas em
presença - seja para cotejar respeitosamente projetos díspares e antagônicos,
seja explorar as possibilidades de convergência ainda que parcial e pontual.
Isto
porque, particularmente ao campo de forças que se vê em inferioridade, sob a
ameaça de se consumar o impeachment da presidenta da República, com todas as
suas graves implicações políticas, institucionais e sociais, cabe a tentativa
de construir um pacto nacional que preserve a democracia.
Em
outras palavras, um entendimento entre partidos e movimentos sociais e o
ascendente movimento pela democracia e parcelas das forças neutras ou ora
aliadas ao provisório governo Temer.
Fora
disso, não há como superar a crise. Pois se o Senado não consumar o
impeachment, o retorno de Dilma ao cargo não significará a conquista das
indispensáveis condições de governabilidade. Ao contrário, seria a continuidade
do impasse entre o Executivo e o Congresso Nacional.
Daí a
expectativa em relação a uma possível mensagem da presidenta Dilma à sociedade
brasileira comprometendo-se com a realização de um plebiscito destinado a
aprovar a antecipação das eleições presidenciais.
Por tal
caminho obviamente não se conseguirá estancar a crise e retomar o crescimento
econômico da noite para o dia. Mas se poderá restabelecer o contencioso acerca
dos rumos do país mediado pelo voto popular.
Gradativamente
se somam sinais favoráveis a essa proposta advindos de setores diversos, inclusive
de forças perfiladas na oposição ao governo Dilma mas não comprometidas com o
interino governo Temer.
Quem
sabe ganhe corpo e se viabilize como solução democrática para o impasse
político - apesar da relutância de grupos que se imaginam condenados aos
limites do protesto e do ressentimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário