12 julho 2016

Fio da meada


Todas as trincheiras de luta valem a pena quando a alma não é pequena
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Em meio à crise que se aprofunda em todas as suas dimensões, sem que haja uma luz visível, cabe lutar em todas as trincheiras para assegurar os instrumentos e o ambiente no qual uma saída há de ser encontrada.
Ou seja, o ambiente determinado pelas normas democráticas constitucionais, que uma vez desrespeitadas — como se vê no arbitrário processo de impeachment contra a presidenta da República -, a busca consistente e equilibrada da retomada do crescimento econômico e da preservação de direitos e conquistas alcançadas pelos que sobrevivem do seu trabalho fica comprometida.
Os chamados Três Poderes da República mostram-se olhar da opinião pública envoltos em contradições e impasses que os fazem fragilizados diante de seus deveres constitucionais.
Isto num perigoso cenário de dispersão, pois “em casa em que falta o pão todos brigam e ninguém tem razão", como diz a sabedoria popular.
Há evidentes desencontros e fissuras, tanto entre os agrupamentos ora reunidos em torno do governo interino de Temer, como no ascendente movimento democrático.
A sucessão do desmoralizado deputado Eduardo Cunha na presidência da Câmara dos Deputados o demonstra.
Da parte do chamado "centrão" e dos seus aliados à direita, vários pretendentes à presidência da Câmara se digladiam, sem que uma palavra sequer seja dita em favor do restabelecimento da credibilidade da Casa.
Do lado das forças hoje na oposição, o risco iminente de se frustrarem as tentativas de um acordo amplo no sentido de eleger um deputado compromissado com o funcionamento "normal" da Casa. Quando o PT veta qualquer deputado que tenha votado pelo impeachment, na prática está renunciando à luta para evitar que se eleja um aliado de Eduardo de Cunha. 
"Marcar posição" tão somente, numa hora grave como essa é se auto-condenar ao isolamento que a nada leva.
Concomitantemente, nas redes e nas ruas a luta contra o impeachment segue. E parte importante das forças que se batem pela democracia considera justo e oportuno que a presidenta Dilma assuma, previamente à votação do impeachment pelo Senado, o compromisso com a realização de um plebiscito que descida pela antecipação das eleições presidenciais — uma forma possível, nas atuais circunstâncias, de uma solução democrática para crise.
A caravana pela democracia que traz ao Recife amanhã o ex-presidente Lula — o maior líder popular da história recente do Brasil — pode ser um reforço essa luta numa trincheira que jamais pode faltar: a rua.

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Um comentário:

Felipe Abreu disse...

Nada deve ser impositivo, mas deve-se procurar a negociação com os arrependidos.