Luciano
Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Definitivamente, a complexidade da sociedade brasileira escapa ao raciocínio reducionista e esquemático. Dando razão a Karl Marx, para quem se a essência se resumisse à aparência não haveria necessidade da ciência.
Definitivamente, a complexidade da sociedade brasileira escapa ao raciocínio reducionista e esquemático. Dando razão a Karl Marx, para quem se a essência se resumisse à aparência não haveria necessidade da ciência.
A
título de exemplo vejamos duas situações emblemáticas na cena política atual.
As
principais centrais sindicais, de amplo alcance nas estruturas estaduais e locais
pelo Brasil afora, se dividem quanto ao impeachment da presidenta Dilma.
As
situadas mais à esquerda estão nas ruas defendendo o mandato da presidenta,
protestando contra o golpe.
As de
perfil conservador, entrelaçadas com a representação parlamentar de
centro-direita, apoiam o impeachment.
Porém
agora, diante da agenda regressiva do presidente interino Michel Temer, onde se
destacam as reformas trabalhista e previdenciária - pré-anunciadas como
restritivas de direitos dos trabalhadores -, as dez centrais mais importantes
unem-se na resistência.
Ou
seja, não há uma linha demarcatória rígida que separe as centrais em qualquer
circunstância. Na complexidade da vida, convergem ou divergem.
Noutra
esfera - a das eleições municipais -, legendas partidárias situadas em pólos
opostos quanto à questão do impeachment e aos rumos do país, estabelecem
coalizões amplas e plurais.
Igualmente
neste caso a realidade concreta teima em não se enquadrar a esquemas rígidos.
Assim,
as centrais sindicais que divergem sobre a questão nacional convergem na defesa
dos direitos dos trabalhadores ameaçados.
E
partidos que sustentam opiniões discrepantes sobre a natureza da crise nacional
e as alternativas de superação, celebram alianças locais em torno de um
programa para a cidade.
Não há
incoerência em ambos os casos.
Há,
sim, acertada consideração das peculiaridades da sociedade brasileira, marcada
por uma enorme diversidade regional e local — econômica, social, cultural e
política.
E
embora condenada à percepção fragmentária da realidade pela pressão midiática,
a maioria dos brasileiros compreende o sentido das alianças sindicais e
partidárias construídas no horizonte imediato e no espaço local.
Pois como
diz Paulinho da Viola, "ninguém pode explicar a vida/Num samba
curto."
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