Nós
os sobreviventes
Luciano
Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
Ainda teremos um
segundo turno das eleições municipais em muitas cidades e será preciso cotejar
todos os dados para uma análise criteriosa e objetiva dos resultados.
Entretanto, já é nítida a derrota das forças situadas à esquerda, em meio ao
vendaval conservador que varre do país.
Como bem assinala
Walter Sorrentino em entrevista ao portal Vermelho (“Eleições 2016:
Conservadorismo, fragmentação partidária e recusa à política”), o PT,
sobretudo, mas o PCdoB também contabiliza números amargos.
Em alguns lugares, candidatos
comunistas parecem ter sido imprensados entre parcelas de setores médios e uma
maioria menos esclarecida do eleitorado justamente por um dos maiores méritos
recentes do Partido: a resistência firme ao impeachment da presidenta Dilma.
A avalanche
reacionária midiática fez os seus estragos.
Contudo, no caso do
PCdoB, de antemão – isto podemos assegurar – uma vez mais estará comprovada a
sua capacidade de sobrevivência.
Ao longo dos seus
94 anos de existência, cerca de dois terços sob o constrangimento da
clandestinidade, da perseguição policial e do preconceito, o PCdoB manteve a
sua ação ininterrupta.
Isto não apenas por
corresponder a uma necessidade objetiva de representação de uma classe, a dos proletários,
mas igualmente porque tem sido capaz de evoluir teórica e politicamente – em
especial dos anos sessenta em diante.
Numa sociedade em
que partidos políticos historicamente são efêmeros, programaticamente frágeis e
marcadamente subdivididos em grupos regionais ou locais, o PCdoB preserva-se
nacionalmente uno e referenciado em seu Programa Socialista.
Este é um
diferencial: orienta-se por um projeto programático estratégico, que aponta
para o atual estágio do desenvolvimento da sociedade brasileira um conjunto de
reformas estruturais de caráter democrático, mediante as quais – uma vez conquistadas,
fruto de luta renhida e de larga envergadura – se alcançará a mudança
qualitativa nas condições de existência materiais e espirituais do povo e uma
enorme elevação de sua consciência política, vislumbrando a necessidade e a
possibilidade do salto civilizatório socialista.
Demais, nos doze
anos de governo progressista liderado pelo PT, os comunistas pelejaram sempre
em favor da unidade da coalizão governista e ao mesmo tempo expressaram sua
opinião crítica sobre questões centrais, a exemplo da política macroeconômica e
da submissão ao setor rentista que prevaleceram como entraves ao
desenvolvimento do país.
Agora, sob os
escombros da derrota eleitoral, há partidos que discutem a sua “refundação”,
tamanha a crise política e ideológica que os abate.
Diferentemente, o
PCdoB se prepara para uma Conferência Nacional destinada a atualizar sua linha
tática – vale dizer, ajustar os modos de expressar na prática cotidiana, no
tempo presente, o seu pensamento estratégico.
Da nova resistência
popular ao desmonte de direitos e de conquistas sociais emergirá adiante a luta
transformadora a um novo patamar. E o PCdoB está apto a assumir o seu posto.
Leia mais sobre temas da
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