Projeto
de nação
Eduardo Bomfim, no Vermelho
Desde o tempo do império há no Brasil, em meio a um caleidoscópio de correntes políticas, duas visões antagônicas sobre como se conduzir a um rumo de superação dos atrasos da sociedade brasileira: uma delas baseia-se no Estado como instrumento e indutor de um projeto de desenvolvimento do País, para reverter nossas distâncias junto à comunidade das nações mais ricas.
A outra visão lastreia-se exatamente no seu oposto: o Estado seria o
adversário que sufoca a sociedade civil, o promotor da corrupção nativa, mentor
do autoritarismo, que impede o pleno crescimento dos setores do empresariado,
da indústria, comércio ou agricultura etc.
Nessa segunda linha de pensamento encontram-se hoje os representantes da
fina flor do novo liberalismo brasileiro que rejeitam vigorosamente qualquer
projeto de desenvolvimento do País, negam o protagonismo da política como motor
da participação dos trabalhadores, e da sociedade em geral, nos rumos da nação.
Para esses a própria sociedade civil é um conceito excludente das grandes
maiorias sociais, que a reduz a extratos “designados” das elites, das
corporações profissionais, sempre associadas à grande mídia hegemônica que já
não informa, mesmo a informação parcial, promove um discurso retrógrado,
reacionário, antinacional.
Essa grande mídia, associada à Nova Ordem mundial, advoga abertamente a
subordinação do Brasil ao status quo das suas atuais vicissitudes estruturais
na economia, no estancamento, ou mesmo regressão do processo de uma
industrialização competitiva a nível internacional, do investimento pesado em
infraestrutura etc.
Assim como a privatização de setores estratégicos essenciais ao
alavancamento do desenvolvimento, perda de conquistas trabalhistas históricas
arduamente adquiridas ao longo dos tempos. Para tanto priorizam criminalizar
gravemente a própria atividade política em si, restringindo-a ao mínimo
possível para mantê-la sob estrito controle.
O Brasil que emergiu recentemente das urnas, já no primeiro turno, expõe
todo esse objetivo danoso. Mas aponta igualmente para a necessidade de amplos
setores da sociedade promoverem na atividade política uma nova espécie de
Estadismo que reúna as grandes maiorias em torno de um caminho de
desenvolvimento estratégico, soberano, das conquistas sociais, um projeto de nação.
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