O elemento consciente e o curso dos
acontecimentos
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
O “elemento consciente” a que aqui me refiro — para usar uma expressão clássica da literatura marxista — é a compressão política do que se passa.
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
O “elemento consciente” a que aqui me refiro — para usar uma expressão clássica da literatura marxista — é a compressão política do que se passa.
Em sua
obra clássica "Que fazer?", Lenin abordou o tema, nas circunstâncias
de então, com tal propriedade que ainda hoje suas considerações essenciais são
válidas, devidamente adequadas ao mundo atual.
Se após
a primeira revolução industrial já se podia falar numa consciência política “espontânea”
das massas, insuficiente, hoje — quando a informação circula em tempo real e historicamente
os povos já acumularam imensa experiência de lutas —, mais ainda é possível
dizer que o cidadão comum consegue fazer o seu juízo de valor, com algum tempero
político, sobre os fatos que o envolvem no cotidiano.
Mas a
porca entorta o rabo em razão dos multifacetados instrumentos de comunicação nas
mãos da elite dominante, usados de maneira sofisticada e continuada para
distorcer a percepção da realidade e formar o consenso social que lhe
interessa.
Daí a
compreensão fragmentada e circunscrita ao fato imediato, aparentemente
desconectado dos acontecimentos em geral.
Fazer a
conexão do particular com o geral (no curso real das lutas) e a partir daí ajudar
o individuo a compreender a essência de cada fato particular como parte do todo
— ensinava Lenin — é precisamente o desafio do militante, do ativista e, em
dimensão maior, dos líderes.
O
recente pleito municipal configurou uma verdadeira onda conservadora que varre
o país. Com o PT e a esquerda em geral, incluindo o PCdoB, em desvantagem e na
defensiva.
Isso
após 12 anos de governo nacional sob hegemonia do PT, que promoveu a mais
expressiva elevação das condições de vida do povo brasileiro em sua história.
Um tempo
bicudo de hoje, onde cabe investigar a qualidade do trabalho político que temos
realizado junto aos milhões beneficiários das conquistas alcançadas. A partir
mesmo do PC do B, que é nossa seara.
Pois se
é certo que erros graves cometidos pelos petistas no governo - por práticas não
republicanas e, sobretudo, na condução tática da coalizão governista -, deram
azo a que a direita e o complexo midiático encetassem a extraordinária campanha
de descrédito e desmoralização do Partido dos Trabalhadores, ainda em curso,
impressiona a vulnerabilidade subjetiva da maioria da população.
Vale
dizer: no período progressista, não se elevou, na dimensão necessária, o nível
de consciência e de organização do povo brasileiro.
O fato
é que dessa tarefa de sentido estratégico não dão conta a prestação de serviços
governamentais como dádiva, nem o corporativismo sindical, nem agitação geral
na onda dos movimentos ocasionais, nem a superficialidade típica das redes
sociais que subestima o debate político.
Quando da débâcle da União Soviética e em meio à profunda crise da luta pelo socialismo, João Amazonas publicou na revista “Princípios” artigo conciso, porém esclarecedor a partir do próprio título: "Defender e desenvolver a teoria marxista — exigência da época atual”.
Quando da débâcle da União Soviética e em meio à profunda crise da luta pelo socialismo, João Amazonas publicou na revista “Princípios” artigo conciso, porém esclarecedor a partir do próprio título: "Defender e desenvolver a teoria marxista — exigência da época atual”.
No
texto, o velho e experimentado dirigente comunista definiu a pauta teórica e
política, que o PCdoB tem desenvolvido desde então com considerável êxito.
No
Brasil de Temer e no mundo que assiste perplexo a eleição de Trump nos EUA, as
forças populares e progressistas não resistirão com eficácia, nem acumularão
forças para uma contra-ofensiva futura, se persistirem na subestimação da luta
de ideias.
Cá
entre nós, nunca foi tão necessário debater a realidade concreta à luz da
teoria e da linha programática do PCdoB. Para elucidar os complexos problemas
que nos desafiam e elevar a qualidade do nosso trabalho político cotidiano
junto ao povo.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
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