Luciano Siqueira
Neste Primeiro de Maio há uma
novidade: as centrais sindicais assinalam a data em manifestações de rua
unificadas, após três décadas de cisão.
Atos públicos terão num mesmo
palanque dez centrais, representantes de partidos que se opõem à reforma da
Previdência nos moldes apresentados pelo governo e integrantes de entidades
como a UNE, o MST, o MTST e das coalizões Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo.
Para além de divergências – que são naturais – essas forças
convergem na resistência à reforma previdenciária e em defesa da democracia.
A vida põe essa convergência de intenções e de energias como
imperativo.
No governo Temer, celebrada a reforma
trabalhista, se dizia que um novo tempo viria, em que cerca de 6 milhões de
emprego seriam gerados. A CLT, agora mutilada em sua essência, dexaria de ser o
“empecilho” ao crescimento econômico e à empregabilidade.
Previa-se
um crescimento do PIB em torno de 2,69%, conforme analistas assinalavam no
Boletim Focus.
Meras
conjecturas segundo os interesses do mercado. Conflito frontal com a realidade
concreta.
Agora,
porta vozes das principais entidades empresariais “esclarecem” que não era bem
assim. A remoção do “entulho” que era a CLT não resultaria diretamente em
geração de emprego, mas reduziria os custos das empresas e, por conseguinte,
abriria possibilidades de investimentos.
Assim,
a economia voltaria a crescer. Novos empregos seriam uma espécie de corolário
natural...
Ora,
se as atividades econômicas seguem capengas e não há nenhum vislumbre de
investimentos públicos em infraestrutura, que alavanquem as demandas, gerem produção,
não há como pensa em expansão do mercado de trabalho.
No
atual governo, um agravante: além de encurtamento do papel do Estado em todas
as áreas, a inexistência de política industrial.
Por
outro lado, segundo o IBGE, a taxa de subutilização da força de trabalho brasileira bateu
recorde nos primeiros três meses do governo Bolsonaro. Nada menos do que 28,3
milhões de brasileiros não trabalharam ou trabalharam menos do que necessitam
nesse período.
É o pior índice
desde que se iniciou a série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílio) Contínua, 2012.
Há uma simbiose
maléfica entre o desemprego e desalento, que angustia milhões de trabalhadores
e trabalhadoras.
Que os atos deste
Primeiro de Maio contribuam para elevar a unidade e o nível da luta pelo
emprego e direitos fundamentais, contra a reforma previdenciária em defesa da
democracia.
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