05 agosto 2019

E agora?


Muita dívida e pouca esperança
Luciano Siqueira

Devo, não nego; pago quando puder... Mais do que um adágio popular, no Brasil de agora se converte num tormento para grande parte dos brasileiros.

O Banco Central estima que o endividamento das famílias voltou a crescer e agora alcançou o maior nível em três anos.

A taxa de endividamento em relação à renda acumulada em 12 meses em maio - dado mais recente - subiu para 44,04%, maior nível desde abril de 2016, quando foi de 44,2%.

Na mesma linha, estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra aumento no número de famílias que se reconhecem endividadas: 64,1% do total em julho. Há um ano eram 59,6%.

Não é um cenário simples. Traduz muita angustia e desesperança, pois não há perspectiva de crescimento das ofertas de trabalho no curto prazo. Ao contrário, aprofundando-se a recessão a situação só piorará.

Do ponto de vista político, isto significa graveto seco a alimentar o fogo de monturo da insatisfação popular crescente, em relação direta com a descrença em relação ao governo Bolsonaro.

Um dado de realidade com o qual a oposição há que saber lidar – para além da repetição de slogans, indo mais abaixo e a fundo na realidade concreta.

Ou seja, a dura realidade social precisa ser pautada na resistência em defesa do estado de direito como algo indissociável dos esforços na elevação do nível de compreensão política e de aspiração das maiorias.

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