Muita dívida e
pouca esperança
Luciano Siqueira
Devo, não nego; pago quando puder... Mais do que um adágio
popular, no Brasil de agora se converte num tormento para grande parte dos
brasileiros.
O Banco Central estima que o endividamento das
famílias voltou a crescer e agora alcançou o maior nível em três anos.
A taxa de endividamento em relação à renda
acumulada em 12 meses em maio - dado mais recente - subiu para 44,04%, maior
nível desde abril de 2016, quando foi de 44,2%.
Na mesma linha, estudo da Confederação Nacional do
Comércio (CNC) mostra aumento no número de famílias que se reconhecem endividadas:
64,1% do total em julho. Há um ano eram 59,6%.
Não é um cenário simples. Traduz muita angustia
e desesperança, pois não há perspectiva de crescimento das ofertas de trabalho
no curto prazo. Ao contrário, aprofundando-se a recessão a situação só piorará.
Do ponto de vista político, isto significa
graveto seco a alimentar o fogo de monturo da insatisfação popular crescente,
em relação direta com a descrença em relação ao governo Bolsonaro.
Um dado de realidade com o qual a oposição há
que saber lidar – para além da repetição de slogans, indo mais abaixo e a fundo
na realidade concreta.
Ou seja, a dura realidade social precisa ser
pautada na resistência em defesa do estado de direito como algo indissociável
dos esforços na elevação do nível de compreensão política e de aspiração das
maiorias.
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