E daí, presidente? Basta!
Luciano Siqueira
Desde que a Organização Mundial
da Saúde passou a tratar a onda de contaminação pelo novo coronavírus como pandemia,
governos nacionais do mundo inteiro, com duas três e3xceções, passaram a tomar as
medidas necessárias.
O governo brasileiro, não.
Mesmo os esforços do ex-ministro
da Saúde Luis Henrique Mandetta, em sintonia com as orientações da OMS, sempre
foram defasados no tempo e na intensidade.
O próprio ministro assumira o
cargo do início do governo Bolsonaro numa postura abertamente associada aos
interesses dos grupos privados de saúde e hostil ao Sistema Único de Saúde-SUS.
Socorrer o sistema público diante
da demanda que seria — como tem sido — crescente, em razão da história natural
da covid19, implica dispêndio ágil de recursos em grande monta.
Entretanto, governo federal,
através do Ministério da Saúde, socorreu estados e municípios até agora a conta
gotas.
E o mais grave de tudo é que
aquele que, por dever de ofício, deveria ter assumido comando geral das ações,
em estreita ligação com os demais entes federados, o presidente da República, persistiu
em criminosa subestimação da gravidade do problema.
Jamais abriu mão do uso de
epítetos como “gripezinha”, sempre esteve alheio às informações concretas a
respeito da evolução da pandemia nosso país.
Numa espécie de contraponto
maroto, Bolsonaro insiste em tratar a pandemia como evento natural (um dos seus
conselheiros chegou a afirmar que seria menos grave do que um surto de
influenza) e jogou todas as suas fichas na suposta intenção de socorrer a
cambaleante economia nacional, cuja crise se agrava acelerada mente com a
pandemia.
Nenhuma coisa, nem outra.
O chefe do governo se conserva
alheio à crise sanitária e às dramáticas estatísticas diárias de infectados e
mortos; e tudo que fez até agora na esfera econômica, particularmente o auxílio
emergencial à população mais necessitada e o socorro a estados e municípios, o
fez como que se pode dizer na marra, sob a pressão de decisões do Congresso
Nacional.
Ontem, arguido por uma repórter a
respeito da escalada de óbitos que infelicita alguns milhares de famílias
brasileiras, retrucou com a sua insensibilidade costumeira: “E daí?“
Daí, senhor presidente, é que
Vossa Excelência a cada dia perde as condições de continuar governando o país!
A sociedade brasileira toma
consciência disso e certamente pressionará por uma solução institucional que o
afaste do cargo que ocupa sem ter tido jamais a dimensão da tarefa.
É questão de tempo. Basta!
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