Claranã, de Cida Pedrosa
Marcelo Barros*
Na 3ª feira passada, no Recife, ocorreu o lançamento de Claranã, um dos livros mais belos de Cida Pedrosa, grande e querida poeta e militante social. A segunda edição desse livro de poemas foi primorosamente cuidada pela Editora CEPE. Desde que abrimos o livro, quem nos acolhe e nos introduz no universo poético de Cida, essa grande guerreira da Palavra é o mestre Antônio Nóbrega, multi-artista que todos nós amamos. Depois, ela mesma nos toma pela mão e nos apresenta Claranã. É o nome de uma pedra que fica perto do sítio onde ela nasceu, perto de Bodocó, no sertão do Araripe (PE). A pedra, cujo nome indígena significa claridade, marcou os primeiros anos de vida da nossa poeta mística.
Em muitas tradições espirituais, toda pedra é símbolo da aliança amorosa que une Deus, a mãe-Terra e o coração das pessoas. Uma pedra como essa que certamente refletia claridade - talvez em determinados momentos refletisse a luz do sol, deve ter sido considerada divindade pelos primeiros habitantes daqueles rincões. Em nossos dias, as revelações de luz desse Encantado da Pedra soprou no corpo de Cida Pedrosa e tem a delicadeza de encantar também a todos e todas que leem esses poemas. Em sua maioria, são breves e estão todos organizados em algarismos romanos, muitos escritos a partir de um mote de alguém.
Viaje no reino da beleza de cada um desses poemas, difícil de competirem em sutileza de uma arte da vida e sinta também na pele o encanto que os poemas de Cida lhe transmitem.
Livro: Claranã
Autora: Cida Pedrosa – Editora CEPE, 2ª edição, 2024
*monge beneditino, teólogo e escritorVeja: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/07/fe-militancia-politica.html
Um comentário:
Claranã é um livro muito sofisticado, ao tempo que nos faz mergulhar em traçados das sociedades sertanejas. Isso me impressiona em toda a obra de Cida Pedrosa: ao tempo que muito técnica, muito política. Claranã tem um capital cultural e social que nos leva pra estágios de muita reflexão sobre o papel da arte em nossos dias. Salve Cida Pedrosa, Salve Marcelo Barros, salve Luciano Siqueira.
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