27 outubro 2024

Minha opinião

Temas ausentes na disputa municipal 
Luciano Siqueira 

As urnas deste segundo turno mal se fecharam e já nos deparamos com comentários de toda ordem, a título de análise, na grande mídia e em inúmeros sites e blogs. 

Uma queixa predomina: a ausência de debate em torno de problemas estruturais de nossas cidades. 

Seja a emergente questão ambiental, sejam alternativas de desenvolvimento econômico no território da cidade e tantos outros temas correlatos. 

Em muitos casos o rebaixamento do debate se deu essencialmente por opção tática eleitoral capitaneada por candidatos que pontificavam à frente nas pesquisas.

Ou mesmo por incompetência dos seus oponentes.

Esse dado de realidade parece sinalizar para a fragilidade da discussão de temas estruturais no âmbito mesmo dos partidos políticos. 

Das mais de 30 agremiações credenciadas no TSE, pouquíssimas são aquelas que podemos classificar como "programáticas".

A maioria se constitui como legenda legalmente apta a acolher candidaturas, quase que independentemente do pensamento político dos pretendentes. 

A minoria que se pauta por programas e, portanto, atenta a questões de fundo da sociedade brasileira, provavelmente esteja atrasada em suas análises em relação ao tempo presente e na busca de alternativas para um futuro mediato e no horizonte estratégico. 

Essa limitação é crucial no que diz respeito aos partidos situados à esquerda. É preciso atualizar a compreensão da realidade presente no mundo e no Brasil e, assim, lastrear atualizações em suas concepções programáticas. 

Esse lastro, ainda que nem sempre visível pelo grande público, faz-se indispensável para a retomada do trabalho político de base, que arrefeceu muito nos últimos tempos em partidos como o PT e o PCdoB, por exemplo.

Será um equívoco terrível supor que a comunicação digital, feita com certo grau de competência técnica, pode dar conta por si mesma da abordagem política da população. 

Que a amplia e lhe dá ressonância, é verdade. Porém jamais suprirá o distanciamento da militância organizada em relação ao cotidiano da vida do povo. 

Esta é uma questão decisiva no tempo presente para as forças políticas empenhadas na transformação da sociedade brasileira. Comporta aspectos vários, tanto de natureza teórica e política estrutural, como avaliações conjunturais precisas e com competente consequência tática imediata.

Leia sobre o trabalho político pela base https://lucianosiqueira.blogspot.com/search?q=O+mundo+cabe+numa+organiza%C3%A7%C3%A3o+de+base

7 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito.

Unknown disse...

Não tenho dúvidas. Sinto falta das ruas e das salas de conversas fora do período eleitoral. Prevalece o imediatismo, os jogos de interesses. Falta profundidade que somente o debate cotidiano pode produzir.
Obrigado pelas provocações e pelos alertas, Luciano.

Anônimo disse...

Concordo em numero gênero e grau!

Alice disse...

As eleições de 2024, sim, deram um aviso importante a partidos muito institucionalizados como PT e PCdoB. O povo não deseja mais defender uma vida de dedicação exclusiva a trabalho nos moldes como o conhecemos.
Sugiro que repensem essa estrutura de trabalho defendida há anos e busquem atualizá-la a época atual para que possam defender os direitos trabalhistas SEM impedir que a população possa viver a vida em seus demais aspectos.Fiquem atentos ⚠️

Anônimo disse...

O trabalho nos moldes de hoje soa como sinônimo de escravidão para a maioria da população. É preciso mudar e para ontem!

Anônimo disse...

Muito bom! Bastante esclarecedor!

Anônimo disse...

Verdade camarada.