08 janeiro 2014

A palavra instigante de Jomard


ORAÇÃO de JANEIRO ao ANO INTEIRO

Jomard Muniz de Britto, jmb

 

Ó poetas sempre desejantes: rezem

pelas meninas e meninos das ruas, morros

e alagados, porque eles não podem ser

mangue boys nem tatuados no coração.

Nem sabem se a bolsa-escola-família é

promessa  ou pesadelo de outro sonho

de verão, experiência sem experimentação.

Ó poetas panorâmicos do azul-vertigem

neon-barroco-melancólico-brasilírico:

o que é sublime reinvenção das filhas de Lilith?

Errantes navegantes do VIVENCIAL.

Como interpretar e interpenetrar o silêncio

das epifanias e os segredos da práxis

nas mutações da libido cenográfica?

Dancem uma polka em louvor das culturas

ANALíticas em folia pelos aterros doloridos.

Tudo ainda pode recomeçar no MAR?

Entrelugar de paixões e mitologias.

Ó poetas anônimos, intrusos, famigerados,

extemporâneos e pervertidos pelo NADA

e que um dia se chamaram e clamaram por

Gregório, Castro Alves, Carlos Pena Filho

de Vinícius, Cabral, Barbosa, Glauberes.

E muito mais experimentadores sem medo

dos abissais drummundanos reciferidos.

Como revisitar a dialética sem síntese

da solidão sem Y nem D da INTERPOÉTICA?

Labirintos da solidariedade entre pontes

safenas do Capibaribe e ladeiras valencianas

de Olinda ao Rio de Janeiro.

Configurações do APOCALIPSE NOW com

A CHINESA dentro de A IDADE DA TERRA.

Se os BRUTOS, além de amar, ainda

clamam, MARTE talvez vencerá os desafios

da ignorância Kapital desenvolvimentista.

Ó poetas excluídos: não rezem, mas

implorem invocando a musicalidade PSI

de Numa Ciro na Universidade das Quebradas.

Gozem pelas infâmias.

Não digam amém.

Esqueçam santos, demônios, orixás e as

charadas da máquina do mundo em transe.

Encarem e desmascarem

a finitude do verbo orar.

 

Recife, janeiro de 2014.

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