Luciano
Siqueira, no Blog da Folha
Eduardo Cunha finalmente caiu. Mas continuará presente na cena política.
Eduardo Cunha finalmente caiu. Mas continuará presente na cena política.
Daqui
por diante, sem foro privilegiado e envolto em denúncias de corrupção de toda
ordem, réu na Operação Lava Jato, sem o poder de outrora, viverá sob ameaça
iminente de prisão.
Isto
para um político sem escrúpulos nem limites, vingativo e frustrado pela perda
repentina de apoio entre a parcela numerosa de deputados que teria ajudado a
eleger com pomposos recursos, dificilmente aceitará ir ao fundo do poço sozinho.
Por
enquanto, ameaça contar em livro "todos os diálogos" que manteve
durante o processo de impeachment.
E embora
negue, uma vez encarcerado, poderá reforçar o time de delatores em busca de
amenizar pesadas penas de reclusão.
Certamente não é o PT derrotado que se coloca
na mira do chantagista, e sim o PMDB de Temer, o PSDB de Aécio, Serra e outros
tucanos de vistosa plumagem e elementos do chamado "centrão"
ultraconservador e fisiológico que ele constituiu e liderou até dias atrás.
Cunha construiu
sua carreira política e conquistou espaços de poder acumulando forças através
de expedientes escusos e da chantagem.
Quando candidato
à presidência da Câmara dos Deputados, nem a maioria dos seus eleitores, nem a
grande mídia monopolizada desconhecia os processos que ele já trazia nas
costas, desde que ocupou cargos na administração pública no Rio de Janeiro,
antes mesmo do primeiro mandato parlamentar.
Porém a
trama do golpe parlamentar-midiático a serviço da oligarquia financeira
precisava de alguém colocado em um posto estratégico na estrutura de poder do
país que pudesse fazer o jogo sujo que resultou no impeachment da presidenta
Dilma.
Fez-se
um silêncio cúmplice sobre a sua maculada biografia.
Consumado
o golpe, a República condenada ao esgarçamento constitucional e à execração
internacional, os vitoriosos de agora já não precisavam do seu incômodo líder.
Cunha
converteu-se, assim, na mais podre laranja do contaminado balaio e precisava
ser descartado. Daí a cassação por esmagadora maioria, reduzido o antigo todo
poderoso chefão à desmoralizante companhia de apenas 10 parlamentares
solidários dentre os quase quinhentos votantes.
Ora, o
mestre do achaque e das mais torpes manobras dificilmente irá para casa
conformado.
Ninguém
esquece, nos diálogos gravados pelo ex-senador Sérgio Machado, a passagem na
qual se ouve do atual presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá, que
"Temer é Cunha e Cunha é Temer".
Pois
agora a recém-iniciada "era Temer-Cunha" viverá sob a corrosiva
ansiedade decorrente do divórcio entre os dois eminentes usurpadores do poder.
ansiedade decorrente do divórcio entre os dois eminentes usurpadores do poder.
Aguardemos
os próximos lances.
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