Luciano
Siqueira*
A crise e a descrença na política confluem - agora que a população desperta para o pleito municipal - para a necessidade de menos retórica e mais realidade concreta no discurso dos candidatos.
A crise e a descrença na política confluem - agora que a população desperta para o pleito municipal - para a necessidade de menos retórica e mais realidade concreta no discurso dos candidatos.
Aqui e
alhures, como diria o velho Protasio, meu professor de português no curso
ginasial.
Basta
visitar o YouTube e olhar campanhas em várias capitais e cidades médias e
grandes para perceber que, equivocadamente, ainda há muita frase de efeito e
bordão, em detrimento do que mais interessa: a cidade, seu presente e seu
futuro.
Claro
que há exceções importantes, protagonizadas principalmente por prefeitos que
disputam a reeleição em situação favorável, pois apoiados num conjunto de
realizações que os credenciam perante os eleitores.
Estes se
diferenciam pela concretude do que mostram e dos novos compromissos que
anunciam.
Da
parte que toca aos militantes do PCdoB, há sempre o empenho — seja da parte de
candidatos a cargos majoritários, seja de pretendentes uma cadeira na Câmara
Municipal — em abordar problemas imediatos de modo articulado com questões cruciais
do desenvolvimento do país.
É a
chave, a um só tempo, para galvanizar o interesse, a simpatia e a confiança dos
eleitores, em busca do voto; e contribuir para a elevação da consciência
política cidadã.
O
diferencial dessa prática militante em relação ao trabalho eleitoral meramente convencional
é que, com esse tipo de abordagem, é possível escapar da vala comum da
demagogia e de promessas vãs e defender propostas claras e factíveis.
Tome-se
comer exemplo o cada vez mais grave problema da mobilidade e do transporte
coletivo de massas. Soluções cabais, sobretudo em cidades cujo desenvolvimento
e ocupação do território historicamente tem se dado de maneira desordenada,
reclamam a Reforma Urbana.
Igualmente, ao se discutir a crise de financiamento das
cidades, que se arrasta há anos e hoje se faz mais dramática sob as repercuções
da crise econômica do País, não há como fugir da Reforma Tributária, nem do
questionamento dos fundamentos macroeconômicos que permanecem intocáveis,
especialmente a política de juros altos.
E é perfeitamente compreensível ao olhar do cidadão médio a
necessidade de uma reforma que pratique a justiça tributária, invertendo a
perniciosa equação atual, onde os que mais ganham e têm e podem pagar impostos
são os que menos pagam, e os que menos ganham e menos têm é que pagam.
Também compreensível a importância de refazer a distribuição
do chamado bolo tributário, que hoje concentra no governo central: dos 100% de tributos
arrecadados, 65% fica no governo Federal, apenas 17% vai aos municípios e o
restante aos Estados.
Uma
flagrante contradição com a ascendente, desde a Constituição de 88, de transferência
de encargos da União para o poder local.
Em síntese, o discurso honesto e consequente implica
esclarecer o eleitor do que é necessário e possível em curto e médio prazo e o
que é necessário, porém depende de mudanças estruturais de envergadura.
*Publicado
simultaneamente no Portal Vermelho, no Blog do Renato e no Blog de
Jamildo/portal ne10
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