a regressão avança
Luciano Siqueira,
no Blog da Folha
Um imenso país de mais de 200 milhões de viventes. Como é
possível determinar a que conteúdos pode ter acesso essa imensa população, e a
que não deve ter acesso?
O sistema de comunicação de massas é a chave.
Redes de TV monopolizadas e conectadas com as de mais mídias
– jornais, revistas semanais, sites e blogs, fan pages... – constituem, como já
se tem dito tantas vezes, o aparelho formador de um pensamento único na
sociedade brasileira.
Claro que, redes sociais e blogs independentes, em certa
medida, possibilitam uma válvula de escape.
Mas a batalha é infinitamente desigual.
Daí a possibilidade de uma extraordinária manipulação da
atenção das pessoas. Uma versão reacionária da guerra de guerrilhas: fazer
barulho no norte e atacar no sul.
Na pauta, o que os senhores do “mercado” e da mídia determinam:
a morte de um ator famoso, o casamento de um monarca europeu, os maus ventos da
economia, a violência criminal, a corrupção (comprovada ou não) e quejandos.
Enquanto isso, nos gabinetes de Brasília, da Avenida
Paulista e de Wall Street se urde a trama da regressão do Brasil às políticas
neoliberais.
Quase à sorrelfa – porque o noticiário não esclarece - as reformas
previdenciária e trabalhista, o pacote de privatizações oferecido por Temer e
seu grupo aos investidores internacionais, a preservação da política de juros
altos em beneficio do rentismo dão, dentre muitas outras iniciativas, a marca
da perversidade de políticas destinadas a enfraquecer a soberania do país e aprofundar
as desigualdades sociais.
Programas sociais que aliviam a miséria e impulsionam a
microeconomia são agora vistos com violões do desequilíbrio das contas
públicas.
Tudo em favor do grande capital financeiro – e em prejuízo
da maioria da população, que vive do seu trabalho ou se encontra em situação de
vulnerabilidade.
E a população se mantém em sua maioria perplexa, descrente e
distante da política. Desperta agora, estimulada pela TV e pelo rádio, para o
fato eleitoral de outubro. Mas ainda um tanto equidistante.
Também aí o complexo midiático, ao elevar à enésima potência
a visibilidade de fatos negativos, faz o seu estrago.
É possível que aumente consideravelmente os percentuais de
abstenção, votos nulos e brancos.
De tal modo que, sob a avalanche regressiva e pessimista do
momento, cumpre combinar a resistência ao governo usurpador de Temer com o
esforço real de alcançar resultados positivos para as forças democráticas e
populares em 2 de outubro.
Nos meses que se seguirão, o desenho da luta política e social
estará mais nítido. E uma nova fase da vida do país plenamente instalada,
marcada pela instabilidade e pelo conflito nas mais diversas esferas da
sociedade.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
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