Paulo Klee
Prevalece a multiplicidade de alianças
Luciano
Siqueira, no portal Vermelho e no Blog de Jamildo/portal ne10
O jornal O Globo publicou um infográfico em que exibe a
imensa multiplicidade de alianças partidárias celebradas para o pleito do
próximo dia 2.
Embora dois partidos – o PCdoB e o PT – acumulem maior
número de alianças entre si, todos os demais integram coligações das quais
participam praticamente todas as agremiações legalmente constituídas.
O PCdoB, vacinado contra a rigidez tática e o sectarismo,
atento à natureza eminentemente local do pleito, exerce o máximo de amplitude e
de flexibilidade, preservando, entretanto, em cada coligação de que participa,
sua identidade, suas convicções teóricas e suas opiniões políticas sobre a
questão nacional, respeitando as dos aliados.
A convergência se dá em torno de programas para as cidades.
É o óleo na água, como costumam dizer os comunistas: juntos,
mas não diluídos entre si, cada um no seu quadrado, plenamente identificáveis.
Mesmo o PT, que anunciou diretiva nacional proibitiva de alianças
com partidos cujos parlamentares votaram a favor do impeachment, em inúmeras
situações se fez flexível. Caso do Recife e Olinda, onde faz aliança
prioritária com o PRB, que votou fechado pelo afastamento da presidenta Dilma;
de Salgueiro, onde apóia chapa composta pelo PMDB e pelo DEM e Caruaru, onde
apoia o candidato do PSB e assim por diante.
Nada de errado. Diretrizes esquemáticas e rígidas não casam
com a realidade. A imensa diversificação política e cultural que marca a sociedade
brasileira, que impacta a fisionomia da quase totalidade dos partidos, tem seu
ápice nas eleições municipais.
Poderia ser diferente? Certamente sim – desde que uma
reforma política de sentido essencialmente democratizante, e não restritivo, viesse
a adotar o sistema de listas preordenadas pelos partidos para a disputa das
casas legislativas.
Esse dispositivo, por si mesmo, contribuiria de modo
determinante para a necessária triagem via voto popular, fazendo desaparecer
naturalmente legendas que não ultrapassam limites cartoriais.
De outra parte, a sempre reincidente proposta de adoção de cláusula
de barreira, restritiva da presença no Parlamento de partidos eventualmente
situados como minoritários, faria uma triagem impositiva, antidemocrática.
A questão vem sempre à tona no curso dos episódios eleitorais
e permanece hibernada nos interregnos.
Agora que o país atravessa período marcado pela regressão
política e institucional, vem sendo abordada em paralelo às campanhas eleitorais,
como que preparando o ambiente para mais um golpe nos processos democráticos.
De toda sorte, tão logo se encerrem as eleições municipais, às
forças do campo democrático cumpre incluir o tema na agenda da resistência.
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