Com que roupa vamos
ao samba e à luta?
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
"Com
que roupa que eu vou/pro samba que você me convidou?", pergunta Noel em
uma de sua deliciosas composições.
A
questão se põe a todos os viventes, sobretudo em tempo bicudo como o de agora,
em que a crise sistêmica que corrói a economia mundial afeta duramente o Brasil
e respinga na casa e no bolso de todos nós.
Aos
partidos políticos a questão também se coloca, pois a mais recente “mini”
reforma política acertadamente interditou o financiamento empresarial privado
de campanhas eleitorais, porém não introduziu o financiamento publico, como
seria oportuno e correto.
O fato
é que, seja pelos caminhos legalmente estabelecidos, seja por outros caminhos,
o poder econômico seguiu interferindo fortemente na cena política, como se viu
nas eleições municipais de outubro passado.
Demais,
aos partidos situados à esquerda, fundamentalmente vinculados aos trabalhadores
e às demais camadas populares da sociedade, a nova situação política decorrente
do golpe judiciario-parlamentar-midiático implica mais dificuldades ainda.
É o
caso do PCdoB, que em março próximo celebrará 95 anos de atuação ininterrupta.
Antes,
nos períodos ditatoriais, alvo da repressão e do impedimento legal; na atual
quadra democrática, recorrentemente objeto de tentativas de restrições à presença
no Parlamento, via cláusula de barreira e outros artifícios – dentre os quais
as limitações financeiras.
A resistência dos comunistas, seu descortino estratégico e sua habilidade e consequência tática têm permitido ao PCdoB persistir em sua senda.
Mas é
preciso ter olhos abertos e sagacidade para compreender - como assinalou Ronald
Freitas em recente encontro nacional de dirigente destinado ao trato das
financias partidárias - que a nova situação política "impacta fortemente
em todos os níveis de atuação do Partido, tornando-a muito mais difícil”, incluindo
as suas condições de subsistência.
Isto quando no horizonte se vislumbram desafios ingentes, tanto os relacionados com as eleições gerais de 2018, como os que se põem de imediato na resistência às políticas regressivas de conquistas e de direitos e lesivas à soberania do País, encetadas pelo espúrio governo Temer.
Sustentar a atividade política do PCdoB com base fundamentalmente nos parcos recursos do fundo partidário resultaria numa passividade incompatível com a sua missão histórica e o seu papel político atual.
Nesse cenário, ressalta dentre um rol de diretrizes afins, o "relançamento" da contribuição militante.
Ou
seja, desenvolver junto aos militantes a compreensão de que eles é quem são os
verdadeiros mantenedores do Partido, através de uma campanha nacional que
convença, entusiasme e mobilize milhares de militantes, filiados e amigos.
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