Entre o crime e o
medo do castigo
Luciano Siqueira,
no Blog de Jamildo/portal ne10
Consta no noticiário que a
tramitação da reforma da Previdência não será tão tranquila quanto o grupo
palaciano espera.
Começa que o relatório final da
Comissão Especial que trata do tema está previsto para abril, e não março, como
anunciado antes.
A celeridade desejada por
Temer, observa um aflito repórter de TV, prende-se à avaliação do mercado
(sempre o mercado financeiro a ditar as regras e o ritmo!) de que o primeiro
semestre é o prazo limite para a aprovação da reforma, pressuposto (sic) da
retomada do crescimento econômico.
Porém no meio do caminho, ou
das démarches entre o governo e sua base parlamentar, há outras pedras a
considerar.
Ideologicamente, digamos
assim, a larga base governista, que mescla neoliberais convictos com fisiológicos
contumazes, estaria convencida da reforma, assim como também da reforma
trabalhista e demais itens da agenda regressiva de Temer. Porém venderá caro o
seu apoio ao governo, tanto em função de contrapartidas e prebendas a receber
em troca, como pelo temor da reação popular.
Nada lhes garante que, ao
final dos dois anos regressivos de conquistas e de direitos, não sobrevenha uma
resposta dura nas urnas de 2018.
Essa hipótese é concreta e se
alimenta das consequências para a vida das pessoas, ainda que as forças que em
tese as representam – o contingente de esquerda e progressista hoje francamente
minoritário na Câmara e no Senado – ainda não tenha se rearticulado o
suficiente pós-derrota decorrente do golpe institucional.
Os governistas vivem uma espécie
de dilema entre o crime e o medo do castigo.
Aí, quem sabe, possa se abrir
uma brecha de “sensibilidade” de parte da base governista ao chamado clamor das
ruas. A depender da combatividade e da largueza dos movimentos sociais que se
batem contra a reforma previdenciária e os demais itens antipopulares da
agenda.
Nas ruas e nas redes, como se
diz, a resistência popular há que se fazer ampla e hábil, eximindo-se de
posturas estreitas e sectárias, que em nada contribuem para a subtração de
elementos das hostes “reformistas”.
Vejamos o desenrolar da cena.
O tal limite determinado pelo mercado – o primeiro semestre – talvez venha a
ser superado, assim como pelo menos atenuada, se não barrada plenamente, a
virulência da reforma.
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