Futebol,
negócio e paixão
Luciano
Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Ora, amigos – diria Nelson Rodrigues -, é “óbvio ululante” que o
futebol hoje é um grande negócio!
Sim, além de um negócio que movimenta trilhões, em transações suspeitas
ou não, há muito trata a paixão espontânea dos torcedores apenas como variável
mercadológica.
No capitalismo, tudo termina virando mercadoria – como ensina Marx
em “O Capital” -, inclusive a paixão de cada um pelo seu clube favorito.
Assim, esse grande negócio se enquadra nas condições impostas
pela globalização como hoje se apresenta.
E é disso que se trata na polêmica gerada pela mudança de escudo
da Juventus, de Turim. O que me leva a associar a minha insatisfação quanto à profusão
de logomarcas nas camisas dos nossos times.
Tenho o hábito de trazer para o neto Pedro camisas de times de
expressão em lugares que visito, em viagens dentro e fora do país. Em Belém,
por exemplo, rodei muito para encontrar uma do Clube do Remo com apenas dois
anúncios publicitários se superpondo ao escudo. Do Payssandu não encontrei uma
sequer.
O mesmo me ocorreu em Santiago do Chile, onde a muito custo
achei uma camisa do Colo Colo e em Lisboa, meio que esquecida num canto em loja
de shopping, uma “camisola” do Bemfica parcialmente livre de propaganda.
O chamado marketing esportivo impõe a muitas logomarcas nas
camisas, calções e até meiões, fontes de renda extra para os clubes convertidos
em empresas, ou quase.
Creio que pela primeira vez em que tomei conhecimento desse
expediente foi através de reportagem da extinta Manchete Esportiva, que exibia
fotos de um dos times da França – o Lion, se não me engano – com a logomarca
das canetas Bic. Um espanto, na ocasião: como se permitia que o sagrado
uniforme do nosso time poderia ser maculado com propaganda comercial!
O fato é que com o correr dos anos e com conversão do futebol
num poderoso segmento da economia do entretenimento, vale tudo para recuperar
os milhões investidos.
Vale até mudar o escudo do time, para amoldá-lo à moderna
comunicação visual. Como faz agora, pela nona ou décima vez, a Juventus, da
Itália.
Com uma novidade, sob protestos de boa parte dos torcedores, que
se sentem lesados por não terem sido consultados: no lugar do escudo, um logo
formado por duas letras “j”.
Argumentam os insatisfeitos que as cores e o escudo do time são símbolos
sagrados, que tocam fundo no imaginário da multidão de adeptos e, portanto, devem
ser venerados, jamais corrompidos.
Mas prevalece a decisão do grupo empresarial proprietário do
time.
E daqui da província, sinto-me solidário com os revoltados
torcedores da “juve”, embora não alimente nenhuma simpatia pelo time do Turim.
Afinal, se a globalização em termos de redistribuição de
unidades produtivas e do fluxo de informações e de capitais é fato inexorável,
que pelo menos se respeite a emoção de quem gosta de ver a bola rolar no que
antigamente se chamava “tapete verde”, hoje dito solo da arena multiuso...
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