Rumos
Eduardo Bomfim, no portal Vermelho
O cientista político Mangabeira Unger disse, criticamente, em entrevista à BBC de Londres que o Brasil é hoje o País no mundo mais parecido com os Estados Unidos. Talvez tenha razão.
Mas essa “semelhança” não vem de
algum plebiscito ou consulta aos cidadãos e cidadãs nacionais.
Pode refletir em primeiro lugar a
ação avassaladora do Mercado sobre o imaginário da sociedade, principalmente
através da grande mídia hegemônica nativa, associada ao capital financeiro e
papel carbono do discurso ideológico que os ventos trazem da grande potência do
Norte.
Já não há mais os déspotas insanos
na América Latina apoiados pelos EUA, que proliferaram durante décadas no
século XX como o sanguinário ditador Maximiliano Hernandez Martínez de El
Salvador que, segundo testemunho de Gabriel Garcia Márquez, possuía pendores
teosóficos além do defeito mais notável de ser inteiramente louco. Certa vez
resolveu combater uma epidemia de sarampo cobrindo as luzes dos postes com
papel celofane.
Ou como o médico François
Duvalier, tirano do Haiti que governou aquele País com mão de ferro e seus
Tontons Macutes (bicho papão em português) terrível polícia secreta que
assassinou 60 mil opositores nessa heroica ilha devastada pela exploração dos
homens e a má sorte com a natureza.
Nas décadas de 60 e 70 os EUA
incitaram intervenções na América Latina de consequências trágicas em nome do
combate ao comunismo durante a Guerra Fria.
Hoje os Estados Unidos mudaram o
foco central para a África e o Oriente Médio promovendo guerras fratricidas,
acarretando milhões de refugiados rumo às praias europeias, e grupos
terroristas que agem por lá.
No Brasil atual as imposições dos
EUA e do Mercado financeiro são mais sutis e mais eficientes porque através da
hegemonia da grande mídia propaga a ditadura do pensamento único do Mercado
global.
Já se disse, o Brasil precisa
definir o que quer ser, e para isso necessita de um projeto nacional que una as
maiorias da sociedade, supere os surtos autoritários que vivemos, à mercê de
ingerências nativas, externas, contra a democracia e os interesses do povo
brasileiro.
Realidade que beira ao limite da
irracionalidade, do caos profundo, e sem rumos. Só será superada com o concurso
de lideranças que pensem mais no País do que em justificáveis projetos pessoais
ou de grupos afins.
Nenhum comentário:
Postar um comentário