Qual polarização?
Luciano Siqueira
Na crítica às diatribes e inconsequências ditas e praticadas pelo presidente Jair Bolsonaro, muitos são os que o acusam de insistir numa “polarização” indevida da sociedade brasileira.
Qual polarização?
Ter em algum momento a sociedade dividida entre projetos de nação diametralmente opostos não é, em si, uma contingência necessariamente negativa.
Possibilita o debate, que tanto se presta à elevação do nível de consciência do eleitorado — quando é o caso —, como contribui para consolidar compromissos programáticos das correntes políticas em presença.
Não é esse o propósito do atual presidente da República. Nem foi no pleito de outubro, quando em nenhum momento discutiu programas de governo.
Na campanha eleitoral, toda vez que instado a se pronunciar sobre os rumos da economia se referia ao então futuro ministro Paulo Guedes como uma espécie de seu “posto Ipiranga”, a quem se devia recorrer.
Por falta de disposição e, sobretudo, por incompetência mesmo.
Conforme disse a uma repórter do jornal O Globo, perguntado sobre a sequência de declarações estapafúrdias sobre temas diversos, foi claro ao dizer que não tem nenhuma estratégia; comporta-se como sempre foi.
Então, recusando-se a reconhecer a realidade objetiva, briga com o IBGE por causa dos números do desemprego; rechaça os dados sobre o desmatamento na Amazônia e desanca o INPE e assim por diante.
Ao agredir a memória de militantes mortos e desaparecidos sob a ditadura militar, e atingir os familiares, como o presidente da OAB Felipe Santa Cruz — filho de Fernando Santa Cruz, sequestrado e assassinado pelos órgãos de segurança em 1974 — compraz-se em contentar parte da opinião pública de extrema direita, seu ”núcleo duro” de apoio.
Assim sendo, a polarização que Bolsonaro propõe se assenta no ódio, no preconceito, na intolerância e numa concepção de nação retrógrada e rasteira.
De fato, rebaixar a esse ponto o debate político nacional está muito longe de contribuir para clarear os problemas e as possíveis soluções e de fortalecer o processo democrático.
Daí, os críticos do presidente, em suas mais diversas instâncias e graus de representatividade, não devem engolir a corda e se deixar atrair para a vala comum da decadência.
Refutar com firmeza suas agressões, sim. Mas, tendo como pedra de toque a defesa da democracia e do estado de direito, elevar o nível do debate e mobilizar a sociedade na busca de um novo rumo para o País.
Luciano Siqueira
Na crítica às diatribes e inconsequências ditas e praticadas pelo presidente Jair Bolsonaro, muitos são os que o acusam de insistir numa “polarização” indevida da sociedade brasileira.
Qual polarização?
Ter em algum momento a sociedade dividida entre projetos de nação diametralmente opostos não é, em si, uma contingência necessariamente negativa.
Possibilita o debate, que tanto se presta à elevação do nível de consciência do eleitorado — quando é o caso —, como contribui para consolidar compromissos programáticos das correntes políticas em presença.
Não é esse o propósito do atual presidente da República. Nem foi no pleito de outubro, quando em nenhum momento discutiu programas de governo.
Na campanha eleitoral, toda vez que instado a se pronunciar sobre os rumos da economia se referia ao então futuro ministro Paulo Guedes como uma espécie de seu “posto Ipiranga”, a quem se devia recorrer.
Por falta de disposição e, sobretudo, por incompetência mesmo.
Conforme disse a uma repórter do jornal O Globo, perguntado sobre a sequência de declarações estapafúrdias sobre temas diversos, foi claro ao dizer que não tem nenhuma estratégia; comporta-se como sempre foi.
Então, recusando-se a reconhecer a realidade objetiva, briga com o IBGE por causa dos números do desemprego; rechaça os dados sobre o desmatamento na Amazônia e desanca o INPE e assim por diante.
Ao agredir a memória de militantes mortos e desaparecidos sob a ditadura militar, e atingir os familiares, como o presidente da OAB Felipe Santa Cruz — filho de Fernando Santa Cruz, sequestrado e assassinado pelos órgãos de segurança em 1974 — compraz-se em contentar parte da opinião pública de extrema direita, seu ”núcleo duro” de apoio.
Assim sendo, a polarização que Bolsonaro propõe se assenta no ódio, no preconceito, na intolerância e numa concepção de nação retrógrada e rasteira.
De fato, rebaixar a esse ponto o debate político nacional está muito longe de contribuir para clarear os problemas e as possíveis soluções e de fortalecer o processo democrático.
Daí, os críticos do presidente, em suas mais diversas instâncias e graus de representatividade, não devem engolir a corda e se deixar atrair para a vala comum da decadência.
Refutar com firmeza suas agressões, sim. Mas, tendo como pedra de toque a defesa da democracia e do estado de direito, elevar o nível do debate e mobilizar a sociedade na busca de um novo rumo para o País.
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