02 agosto 2020

Mais um gringo para nos ajudar?


Torrent seguirá Guardiola, Jorge Jesus ou irá atrás dos seus desejos?

O espanhol vai ter que enfrentar o fantasma de substituir o técnico português no Flamengo após grandes atuações

Tostão, Folha de S. Paulo

O espanhol Domènec Torrent, de 58 anos, contratado pelo Flamengo, foi analista de dados e auxiliar de Guardiola durante 11 anos.
Guardiola e Rafinha, que o conheceu no Bayern de Munique, elogiaram bastante o treinador, profissional estudioso e científico. É também corajoso, por trabalhar no Brasil neste grave momento da pandemia. Ele foi treinador apenas na Segunda Divisão do Campeonato Espanhol e em um time nos EUA.
A convivência com o mestre é extremamente positiva, mas não garante que ele se torne um ótimo treinador. São situações diferentes. Ele terá de definir os detalhes. Não basta saber, é preciso saber fazer.
Auxiliares de grandes profissionais, que querem alçar os próprios voos, costumam ficar indecisos, divididos, entre seguir o professor e fazer de seu jeito, contar sua história.
Torrent terá de enfrentar outro fantasma, o de substituir o herói Jorge Jesus, após grandes atuações e resultados. Ele vai seguir os conceitos e estratégias de Guardiola ou de Jorge Jesus ou vai atrás de seus próprios desejos?
Guardiola e Jorge Jesus possuem ideias parecidas e diferentes. Os dois gostam de pressionar, de ter o domínio da bola e de recuperá-la no campo adversário. Por outro lado, Guardiola gosta da estratégia posicional, de definir funções, enquanto o português prefere a movimentação, a troca de posições, a anarquia organizada.
Manchester City é uma equipe que atua com dois pontas abertos, um centroavante, um volante e um meio-campista de cada lado, que avançam, pelo centro e pelos lados. Já o Flamengo atua com dois atacantes, dois meias pelos lados, que não têm posições fixas, um volante e um meio-campista, que joga de uma intermediária à outra.
O Manchester City é também diferente do Barcelona, ambos dirigidos por Guardiola. O Barcelona gostava de ficar com a bola e de trocar passes curtos, enquanto o Manchester City é mais rápido para chegar ao gol.
Isso tem a ver com as características dos craques. Xavi e Iniesta eram construtores e tinham paixão pelo domínio da bola. Já De Bruyne é mais dinâmico, mais rápido e mais completo, por ser excepcional no passe, no drible, na finalização, na cobrança de faltas, nos cruzamentos, em tudo.
São os craques e suas características que definem o estilo dos grandes times, com a importante orientação dos treinadores.
Grandes equipes da Europa, como Manchester City e Barcelona, dirigidas por Guardiola, jogam com um trio no meio-campo. São dois meias ofensivos, e não apenas um. Os três participam da marcação, e não apenas dois.

JOGOS DECISIVOS

Neste fim de semana, teremos jogos decisivos do Campeonato Paulista, do Mineiro e de outros estados. O Palmeiras, na vitória sobre o Santo André, por 2 a 0, atuou com um trio no meio-campo. Dois dos três avançavam, mas não têm características nem talento para isso. São três volantes.
Na vitória do Corinthians, por 2 a 0, sobre o Bragantino, Tiago Nunes escalou dois meias armadores pelos lados, Mateus Vital e Ramiro, que entravam pelo centro, para organizar as jogadas, e deixou Luan mais perto do gordinho Jô, que continua muito bem.
Pode ser um bom caminho. Há uma esperança que Éderson se torne um Paulinho, pela força física, por ser um armador discreto e por chegar à frente para finalizar. Não se deve confundi-lo com um meio-campista. É um volante que ataca.
Se a esperança do Corinthians é Éderson, a minha é de que o Brasil forme um De Bruyne, um craque meio-campista.
Viver em quarentena não é fácil https://bit.ly/2Xm2lK5

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