Torrent
seguirá Guardiola, Jorge Jesus ou irá atrás dos seus desejos?
O espanhol vai ter que enfrentar o
fantasma de substituir o técnico português no Flamengo após grandes atuações
Tostão, Folha de S. Paulo
O espanhol Domènec Torrent, de 58
anos, contratado pelo Flamengo, foi analista de dados e auxiliar de Guardiola
durante 11 anos.
Guardiola e
Rafinha, que o conheceu no Bayern de Munique, elogiaram bastante o treinador,
profissional estudioso e científico. É também corajoso, por trabalhar no Brasil
neste grave momento da pandemia. Ele foi treinador apenas na Segunda Divisão do Campeonato Espanhol e
em um time nos EUA.
A
convivência com o mestre é extremamente positiva, mas não garante que ele se
torne um ótimo treinador. São situações diferentes. Ele terá de definir os
detalhes. Não basta saber, é preciso saber fazer.
Auxiliares
de grandes profissionais, que querem alçar os próprios voos, costumam ficar
indecisos, divididos, entre seguir o professor e fazer de seu jeito, contar sua
história.
Torrent
terá de enfrentar outro fantasma, o de substituir o herói Jorge Jesus,
após grandes atuações e resultados. Ele vai seguir os conceitos e estratégias
de Guardiola ou de Jorge Jesus ou vai atrás de seus próprios desejos?
Guardiola e Jorge Jesus possuem ideias parecidas e diferentes.
Os dois gostam de pressionar, de ter o domínio da bola e de recuperá-la no
campo adversário. Por outro lado, Guardiola gosta da estratégia posicional, de
definir funções, enquanto o português prefere a movimentação, a troca de
posições, a anarquia organizada.
O Manchester City é uma
equipe que atua com dois pontas abertos, um centroavante, um volante e um
meio-campista de cada lado, que avançam, pelo centro e pelos lados. Já o
Flamengo atua com dois atacantes, dois meias pelos lados, que não têm posições
fixas, um volante e um meio-campista, que joga de uma intermediária à outra.
O
Manchester City é também diferente do Barcelona, ambos dirigidos por Guardiola.
O Barcelona gostava de ficar com a bola e de trocar passes curtos, enquanto o
Manchester City é mais rápido para chegar ao gol.
Isso
tem a ver com as características dos craques. Xavi e Iniesta eram construtores
e tinham paixão pelo domínio da bola. Já De Bruyne é mais dinâmico, mais rápido
e mais completo, por ser excepcional no passe, no drible, na finalização, na
cobrança de faltas, nos cruzamentos, em tudo.
São
os craques e suas características que definem o estilo dos grandes times, com a
importante orientação dos treinadores.
Grandes
equipes da Europa, como Manchester City e Barcelona, dirigidas por Guardiola,
jogam com um trio no meio-campo. São dois meias ofensivos, e não apenas um. Os
três participam da marcação, e não apenas dois.
JOGOS DECISIVOS
Neste
fim de semana, teremos jogos decisivos do Campeonato Paulista, do
Mineiro e de outros estados. O Palmeiras, na vitória sobre o Santo André, por 2
a 0, atuou com um trio no meio-campo. Dois dos três avançavam, mas não têm
características nem talento para isso. São três volantes.
Na
vitória do Corinthians, por 2 a 0, sobre o Bragantino, Tiago Nunes escalou dois
meias armadores pelos lados, Mateus Vital e Ramiro, que entravam pelo centro,
para organizar as jogadas, e deixou Luan mais perto do gordinho Jô, que
continua muito bem.
Pode
ser um bom caminho. Há uma esperança que Éderson se torne um Paulinho, pela
força física, por ser um armador discreto e por chegar à frente para finalizar.
Não se deve confundi-lo com um meio-campista. É um volante que ataca.
Se
a esperança do Corinthians é Éderson, a minha é de que o Brasil forme um De Bruyne, um
craque meio-campista.
Viver
em quarentena não é fácil https://bit.ly/2Xm2lK5
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