BICENTENÁRIO BROCHADO
Em 1922, o Centenário da Independência do Brasil entrou
para a História. O presidente da República era Epitácio Pessoa, político de
formação intelectual notável, paraibano filiado ao Partido Republicano Mineiro.
A Exposição Internacional do Centenário da Independência foi o ponto alto da
programação e se estendeu de 7 de setembro daquele ano até 23 de março de 1923.
Um século depois ainda é a maior exposição deste tipo realizada em nosso País e
a única no mundo organizada para celebrar a independência de uma Nação. E mais:
1922 foi ano de eleição presidencial, mas isso não interferiu na extraordinária
agenda.
Há 100 anos, a Exposição Internacional do Centenário da
Independência do Brasil recebeu 14 países, com 6.013 expositores, incluídos aí
todos os estados brasileiros, e foi visitada por mais de 3 milhões de pessoas.
Um detalhe que não é pequeno: Os Estados Unidos construíram um verdadeiro
palácio para seu estande principal, investindo na obra um milhão de dólares
(valor astronômico na época), além de gastar mais US$ 700 mil noutro palacete
para abrigar as delegações ianques, pois 29 estados americanos se fizeram
presentes.
Em 1927, o Sesquicentenário da Independência do Brasil foi
comemorado com algum estilo, menor que o realizado 50 anos antes, mas ainda
assim de forma ampla. Presidia o País Emílio Garrastazu Médici, o mais
sanguinário dos generais-presidentes. Mas como Médici era um militar e não um
miliciano, a agenda pelos 150 anos da independência procurou estimular o
patriotismo e inserir as comemorações à noção do “Brasil potência”.
Há 50 anos, medalhas foram cunhadas e a efeméride teve direito à logomarca
oficial. Os restos mortais de Pedro I foram trazidos, e seu ataúde levado a
cada capital. Em Maceió, o caixão imperial foi exposto em catafalco montado na
Praça dos Martírios e estudantes de todas as escolas ali conduzidos para
prestar reverência. A comemoração da data foi planejada por uma comissão
nacional nomeada um ano antes e integrada por ministros do governo militar e
por representantes da sociedade civil, incluindo entidades como o Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro e a Associação Brasileira de Imprensa.
Em 2022, o Bicentenário da Independência se resumiu a um
comício onde o miliciano candidato à reeleição puxou um coro para sua própria
bilunga: “Imbrochável, imbrochável, imbrochável”.
[Ilustração: Dellus]
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