Será estrangeiro o
novo técnico da seleção brasileira?
Luciano Siqueira
Paixões à parte, o
mérito: necessitamos mesmo de um técnico estrangeiro para dirigir o selecionado
nacional de futebol?
De bate pronto, com
toda a carga emocional alimentada ao longo de décadas, eu diria não.
Sou de uma geração
alimentada pelo vaticínio midiático que apontava (e ainda o faz) o futebol
brasileiro como o melhor do mundo. Ainda que estatísticas, pelo menos das
últimas três décadas, revelem, em números precisos, que o equilíbrio de forças
vem se espraiando pelos cinco continentes, na esteira do que se tem chamado
globalização do futebol.
Como já mencionei
aqui no blog https://bit.ly/3BKD0O6 concepções estratégicas e táticas,
técnicas no trato da bola, mecanismos de aferição de desempenho individual e
aprimoramento de condições físicas de cada atleta estão disseminados pelo mundo
afora.
Isto nivela em grande
medida a capacidade competitiva das seleções nacionais, como vimos agora na
Copa do Qatar.
Os campeonatos das
ligas da Inglaterra, Alemanha Itália e Espanha, reunindo atletas originários de
inúmeros países, inclusive periféricos, nos fornecem uma amostragem muito rica
do que estamos falando.
A seleção brasileira
que esteve nessa Copa, como bem sabemos, incluiu apenas três atletas ora
atuando em clubes brasileiros, dos 26 convocados.
Então, se já não
somos assim tão superiores como pensávamos, ou até fomos de fato entre meados
dos anos 50 e início dos anos 60 do século passado, e capacitamos agora nossos
melhores jogadores em ambiente europeu, qual o empecilho para termos um técnico
estrangeiro dirigindo o nosso selecionado?
Do ponto de vista
subjetivo, creio que os que se opõem a essa ideia o fazem movidos por uma
espécie de orgulho nacional. Outros, que não oferecem resistência, talvez se
dêem conta de que esse esporte tão apaixonante está definitivamente convertido
num grande negócio global. O talento e a competência técnica transformados em
subprodutos da mercadoria — como podemos compreender a partir do que Karl Marx
descreveu no livro I de "O capital".
Diria um desses
agentes econômicos desse negócio global: "Se vocês querem ver o futebol
espetáculo, por que distinguir atletas e técnicos pela nacionalidade?"
Será?
O mundo gira. Saiba mais https://bit.ly/3Ye45TD
2 comentários:
Bem lembrado, mestre Luciano: o capitalismo transforma tudo em mercadoria. Entendo que não podemos virar as costas à realidade. Dito isto, creio ser tarefa de todos que amamos o Brasil e somos apaixonados por futebol, empreendermos séria luta para a adoção de políticas públicas para o incentivo da prática do futebol em todas as fditas "comunidades", país a dentro, em todos os rincões. Daí sairão novos talentos deste imenso país. Por outro lado, aí, sim, os clubes precisam se libertar das amarras que desequilibram campeonatos e equipes e arruínam economicamente a maioria dos times, razão maior da evasão de talentos para o exterior. A questão do técnico, penso eu, não reside no fato de os brasileiros serem menos capazes. Bobagem. É efeito dos problema acima relatado, não causa.
É realmente um tema polêmico, pois se confunde a aceitação de profissionais estrangeiros, tanto como atletas, como técnicos nos campeonatos nacionais. Porém, em se tratando de seleção, não seria crível termos jogadores estrangeiros defendendo a seleção, embora tenhamos visto muitos casos de atletas com dupla nacionalidade na Copa deste ano. Não acredito que seja bom para a competição, nem para o evento esportivo de proporções globais, perder a identidade da nacionalidade de cada País. Essa integração de culturas distintas faz parte da importância essencial para a sua grandiosidade, sem preconceitos, mas preservando-se a sua genialidade nacional de forma transacional.
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