Neste primeiro turno que chega à reta final teve de tudo. E mais ainda
está por vir. Campanha pelo fracasso da Copa do Mundo, polarização entre a
presidenta Dilma Rousseff e Aécio Neves, troca de candidato em decorrência de
uma tragédia, deslocamento do tucano e subida de Marina Silva e, agora, queda
da candidata da Rede-PSB e um fiapo de esperança dos tucanos.
Adalberto Monteiro, no Vermelho
Neste cenário de variações e sobressaltos, há, todavia, uma constante: a
presidenta Dilma Rousseff, entremeio a um ataque cerrado da oposição e da
grande mídia, eleva sua liderança política. Ela conquista crescente apoio
popular e, lance a lance, batalha a batalha, vai construindo a quarta vitória
consecutiva do povo.
Marina, encolhida entre seus xales, se queixa, se diz vítima de ataques.
Falso. Quem o tempo todo tem sido alvo de uma campanha de “desconstrução” é a
candidata Dilma Rousseff. Mas, em vez de se fazer de “coitadinha” como
teatraliza a candidata Marina Silva, Dilma optou pela luta de ideias. A um só
tempo dá visibilidade às realizações de seu governo, aponta um futuro de
transformações e reformas e empreende um debate programático incisivo com
Marina e Aécio.
A farsa da “nova política” de Marina e o discurso neoliberal
recauchutado de Aécio foram desnudados pela campanha de Dilma.
Progressivamente, foi ganhando nitidez que não há terceira via, o confronto é
entre o avanço e o retrocesso.
Quem é alvo do “vale-tudo” é Dilma como ficou evidente nas armações da
revista Veja, explorando a delação premiada do ladrão da Petrobras. Ladrão,
sublinhe-se, que foi preso porque no governo de Dilma a Polícia Federal e o
Ministério Público, ao contrário do que ocorria na era FHC, são fortalecidos
para desempenhar os que lhes determina a Constituição.
Chegamos à reta final do primeiro turno e o sistema de oposição como
pêndulo oscila entre Marina e Aécio. O enredo é conhecido. Aécio antes da morte
de Eduardo era o predileto dos banqueiros.
Com a subida de Marina – totalmente rendida e convertida ao rentismo, e
o tucano ficando para trás nas pesquisas –, o bloco conservador e a grande
mídia se fracionaram. Houve um momento em que a situação de Aécio beirou a
figura de um “abandonado”. As fragilidades de Marina, o emaranhado de
contradições e vulnerabilidades de seu programa, a voz corrente entre o
eleitorado de que ela “não tem pulso”, não tem força para governar o Brasil,
corroeram parte das convicções das alas conservadoras da classe dominante que
haviam embarcado na sua campanha. Além dos mais, aqueles suntuosos números das
pesquisas que sinalizavam uma Marina imbatível derreteram-se como cera ao fogo.
Aécio não sabe qual derrota tenta evitar: Se a do governo de Minas ou a
da eleição presidencial. Setores da grande mídia e aliados que o haviam deixado
de lado, no auge daquela miragem que fazia ver Marina triunfar já no primeiro
turno, voltam a injetar glicose na veia da campanha do tucano. De volta ao jogo
em busca de uma derrota honrosa ou de uma recuperação inusitada que o leve ao
segundo turno, ele recrudesce o ódio ao “petismo” e atira em Marina. A banda
dos banqueiros que dobram a aposta na candidata da Rede-PSB ironiza e diz que a
reação de Aécio é uma mera “visita da saúde” na sua moribunda campanha.
Blogueiros dos jornalões também dizem que o neto distante de Tancredo faz o
papel de inocente útil: ataca Marina e ajuda Dilma.
Enquanto a oposição se engalfinha, se autodevora, Dilma Rousseff emerge
com sua real estatura: a liderança capaz de conduzir o Brasil à nova etapa de
desenvolvimento, com mais crescimento econômico e uma redução ainda mais eficaz
das desigualdades sociais e regionais.
*Presidente da Fundação Maurício Grabois e editor da revista Princípios
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