Quem deve salvar quem?
Luciano
Siqueira
Como diz o nosso povo, "em casa que falta o
pão, todos brigam e nenhum tem razão".
O
Brasil atravessa fase crítica de carências e riscos. As carências atingem os
que menos têm, os riscos ameaçam a todos – incluindo os que têm muito e que não
desejam perder também.
E é
evidente que cabe ao governo da República adotar as medidas necessárias. Mas
não só ao governo, pois o poder central é tripartite, envolvendo o Congresso
Nacional e o Judiciário.
O
governo não aprova sozinho as medidas de reordenamento da economia, submete-as
ao Congresso.
Ressalvadas
as naturais divergências e as cenas de pugilato verbal entre governistas e
oposicionistas, não há como eximir o Parlamento de responsabilidade. Nem os
partidos, sobretudo os mais influentes, que nele estão representados.
Declarações
como as do senador Aécio Neves, candidato derrotado no último pleito e
presidente do PSDB, escoimando os oposicionistas de qualquer possibilidade de
oferecer alternativas; e de diversos outros parlamentares de partidos seus
aliados, em face de peça orçamentária deficitária apresentada pelo governo, segundo
os quais "cabe exclusivamente ao Planalto resolver as contas
públicas", não batem com as exigências da realidade, nem com suas
obrigações institucionais.
Criticar
tão somente não leva a lugar algum.
E por
que não criticar as proposições do governo apresentando pontos de vista opostos
e opções concretas?
Aí o
bicho tem pegado, como se diz comumente, por uma dupla deficiência das forças
oposicionistas: o descompromisso com os rumos do País, na base do quanto pior,
melhor; e a ausência mesmo de idéias consistentes que se diferenciem da receita
(dolorosa) que o governo vem apresentando.
De
outra parte, se o Orçamento deficitário, recém-encaminhado pelo ministro da
Fazenda, Nelson Levy, ao Congresso, provoca reações tão indignadas por parte de
tucanos e democratas, por que têm aprovado propostas de claro teor demagógico cujo
sentido é de onerar mais ainda os cofres públicos?
Positivas,
por outro lado, iniciativas como a do senador Renan Calheiros ao apresentar, em
nome do Senado, a Agenda Brasil contendo importantes sugestões passiveis de
acordo. Assim como os pronunciamentos das federações das indústrias de São
Paulo e do Rio de Janeiro, da CNI, das Centrais sindicais, da UNE e da OAB e
dos governadores (que subscreveram manifesto em favor da governabilidade).
A questão
concreta e inarredável é: quem deve salvar quem? Ora, a defesa de uma saída
para a crise que permita a governabilidade, a superação do ajuste fiscal, a defesa
da indústria nacional e dos direitos fundamentais dos trabalhadores via retomada
do crescimento econômico é um desafio político central que, hoje, diz respeito
ao interesse nacional.
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