Emir Sader, no portal Brasil 247
Se
o Congresso fosse, minimamente, o espelho da sociedade brasileira, o tema do
impeachment estaria resolvido, com sua ampla rejeição. As manifestações de rua,
das entidades civis, das personalidades do mundo da cultura, do direito, das
religiões, da etnias, das identidades sexuais, dos jovens, das mulheres, de
todos os lugares do Brasil, são incontestáveis: "Não vai ter golpe".
Se ouvissem a voz das ruas, a democracia sairia fortalecida da crise.
Mas,
incrivelmente, a comissão da Câmara, diante da proposta do impeachment
apresentada pelo Miguel Reale Jr. e pela agora tristemente célebre Janaína
Paschoal, tende a aceitá-la e a derrotar a proposta de sua rejeição,
brilhantemente defendida por José Eduardo Cardoso. Confirma que esse é o
Congresso dos lobbies, dos parlamentares eleitos pelo poder do dinheiro, em que
Eduardo Cunha teve papel essencial em constituir sua bancada, que predomina
nessa comissão.
Basta
olhar para a sociedade e para o Congresso, para ver como um é o oposto do
outro. Enquanto há uns poucos representantes dos trabalhadores rurais, por
exemplo, o lobby do agronegócio conta com uma numerosa bancada. O mesmo
acontece com tantos outros setores, em que o poder do dinheiro elegeu grandes
bancadas do setor empresarial – na educação privada, nos planos de saúde, nos
meios de comunicação privados, além de lobbies como a bancada da bala, de
igrejas fundamentalistas, entre outros, que constituem um corpo conversador,
desligado dos interesses da grande massa da população.
Se
quisessem ouvir a voz da ruas, se tivessem ouvido para elas, se dariam conta
que a população tem expressado massivamente sua rejeição de acusações que são
apenas disfarces para anular o voto popular mediante interesses escusos. Que a
população tem consciência de que são os políticos mais corruptos do Brasil os
que dirigem o processo de impeachment. O povo sabe que se trata de um golpe,
porque não há razões para interromper o mandato que a Dilma recebeu do voto
popular.
Caso
a comissão e a Câmara se pronunciem a favor do golpe, vão receber o repúdio da
massa de pessoas que começam a se concentrar na Esplanada dos Ministérios. Esse
Congresso será repudiado, assim como todos os parlamentares que aderirem ao
golpe, terão suas imagens difundidas por todo o país, em todas as
manifestações, que não pararão de acontecer, para que todos saibam que eles são
golpistas.
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