Luciano Siqueira,
no portal Vermelho
A expressão que dá título a essas breves linhas é de Georgi Plekhanov, revolucionário russo (1856-1918).
A expressão que dá título a essas breves linhas é de Georgi Plekhanov, revolucionário russo (1856-1918).
Diz respeito à
necessidade inarredável de nortear a ação política sobre bases objetivas, concretas.
Melhor dizendo:
raciocinar taticamente a partir da correlação de forças real, sem perder de
vista os objetivos estratégicos.
No quadro político
atual de crise e correlação de forças francamente adversa, o risco é aprisionar
o raciocínio tático nos limites do protesto contra o impeachment, sem
considerar os desdobramentos da situação.
Vale em dois
sentidos: na própria abordagem da luta contra o impeachment; e na construção de
alianças no pleito municipal de outubro.
Se ainda há uma
chance mínima que seja de deslocar 4 ou 5 senadores da posição pró-impeachment
para a resistência democrática, isto implica conversações pacientes, despidas
de sectarismo e preconceito. Apenas carimbando-os com a pecha maldita dos que
votaram pela admissibilidade do impeachment não chegaremos a lugar nenhum.
Demais, a esta
altura do campeonato, está claro que um retorno de Dilma à presidência da
República não significaria necessariamente uma retomada de condições de
governabilidade. Com a composição atual da Câmara dos Deputados e do Senado isto
é impossível.
Daí a absoluta
necessidade de se costurar um pacto nacional, com a participação da própria
Dilma e setores que lhe fazem oposição, em favor da superação da crise política
via antecipação das eleições presidenciais. A fórmula jurídica seria encontrada
no processo de pactuação, como bem mencionou em artigo aqui no Vermelho Walter Sorrentino.
Quanto ao pleito
municipal, de um partido como o PCdoB - inspirado num projeto estratégico claro
e consistente e curtido ao longo de décadas numa compreensão aguçada dos problemas
táticos - o que menos se deve esperar é uma leitura mecanicista e estreita das
alternativas de alianças.
Eleições municipais
são um fenômeno político essencialmente local, com dinâmica própria não
nacionalizada, nunca é demais repetir. E no jogo de forças local, furta-cor, a
identificação da aliança mais avançada ultrapassa os limites formais das siglas
partidárias.
Natural que de
parcelas mais progressistas e situadas à esquerda em nosso campo, indignadas com
o impeachment e mobilizadas na resistência democrática, surjam apelos a que o
PCdoB estabeleça uma linha divisória rígida, excluindo do seu leque de alianças
todas as legendas cujos parlamentares em sua maioria votaram pelo impeachment.
Agindo assim - como
diria o inesquecível camarada Rogério Lustosa -, "iríamos todos para casa
de alma lavada, mas amanheceríamos sozinhos e antecipadamente derrotados".
Ora, o PCdoB
integra frentes partidárias preservando a sua identidade e não abrindo mão do seu
projeto estratégico.
Atua feito o óleo na
água: juntos, porém plenamente identificáveis a olho nu.
Se a realidade
concreta é multifacetada, não nos cabe "acinzentá-la" segundo nossos
eventuais desejos subjetivos; mas encará-la como ela é e encontrar a melhor
solução tática em cada caso, conscientes de que não há soluções ideais.
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