Dieese defende política de
Estado para a indústria automotiva do país
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Em nota
técnica divulgada nesta quinta-feira (1º) o Departamento Intersindical de
Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) defendeu uma política de Estado
para recuperar a indústria brasileira, com destaque para a indústria
automotiva. No documento, a entidade afirma que é preciso investir no crescimento
do mercado interno e seguir as tendências tecnológicas globais, que abrem
perspectivas positivas para o setor automotivo.
Segundo o
Dieese, com a pandemia de Covid-19 e seus impactos econômicos, o debate sobre o
papel do Estado aprofundou-se e evidenciou a importância da atuação estatal
para os processos de transferência de renda.
“Evidenciou-se,
por outro lado, a insuficiente atuação do Estado brasileiro no acionamento de
instrumentos de política pública para fortalecer empresas e recuperar e
mobilizar a indústria brasileira para atender às demandas sociais por um
desenvolvimento virtuoso, com elevação da qualidade de vida de nossa
população”, destaca o documento.
A entidade
defendeu uma reconfiguração da indústria automotiva no Brasil articulada com um
debate sobre uma nova política fiscal, que seja “orientada por missões
sociais”. Ressaltou ainda que o mercado, sozinho, “não é capaz de resolver os
problemas do século XXI”.
“É fundamental
ressuscitar a noção de bens públicos como elementos centrais na interação entre
governos e empresas privadas”, afirma a nota técnica, pontuando que “uma
política pública que considere a relevância econômica e social do setor
automotivo é, sem dúvida, uma ação pertinente para um país com as
características territoriais e demográficas do Brasil”, diz a nota técnica.
De acordo com
o documento, “apesar da retração da indústria no Brasil, o país possui um
parque fabril automotivo com capacidade instalada de produção de
aproximadamente cinco milhões de veículos por ano. As principais montadoras de
veículos leves e comerciais, assim como as maiores autopeças do mundo possuem
plantas industriais no país”.
O Dieese cita
dados da Organização Internacional de Construtores de Automóveis (OICA, na
sigla em francês) indicando que, entre 2000 e 2020 (com exceção de 2000 e
2002), o Brasil sempre esteve entre os dez principais países produtores de
veículos do mundo. Em 2019, o país foi o oitavo maior produtor mundial,
fortemente apoiado no fato de possuir o sexto maior mercado consumidor.
No entanto, a
participação brasileira no total mundial de veículos produzidos foi de apenas
3,29%, em 2019. Comparativamente, no mesmo ano, a China teve participação de
28,02% no total produzido.
O Dieese
pontua a dificuldade contemporânea do país em estabelecer estímulos
direcionados à reorientação para uma nova matriz energética veicular, com foco
nos veículos elétricos e híbridos, apontando a insuficiência dos benefícios
fiscais enquanto “mecanismo mais adequado para promover saltos de inovação e de
competitividade.
Afirma, ainda,
que para tornar efetivo o crescimento do mercado interno, é preciso mudar a
política macroeconômica vigente, “com o abandono do receituário neoliberal e
sua substituição por um modelo de desenvolvimento nacional, liderado pelo
Estado, com políticas que valorizem a criação de empregos de qualidade e a
inclusão social, induzindo o investimento privado e o consumo das famílias.”
Por fim, a
entidade destaca que a concepção de uma indústria forte, e com papel
estratégico, “deve estar alinhada ao atendimento de demandas estruturais da
população brasileira, a exemplo da maior qualidade do transporte público urbano,
da qualidade do ar nas nossas cidades, da contribuição nacional ao
enfrentamento da mudança climática, do potencial de alavancagem e conexões com
um projeto de desenvolvimento que recoloque o Brasil entre as nações mais
importantes de nosso planeta.”
Edição: Mariana Branco
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Veja: Quem avisa que vai melar o jogo com tanta antecedência
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