Trump é acusado de quatro crimes em invasão do Capitólio
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald
Trump deve ser processado por quatro crimes relacionados à invasão do
Capitólio, sede do legislativo americano, segundo decisão de uma comissão
parlamentar que investigou o ataque ao local em 6 de janeiro de 2021.
BBC Brasil
A comissão
encaminhou ao Departamento de Justiça documentos e evidências recomendando que
o republicano seja processado, mas o departamento não é obrigado a seguir a
recomendação. O ex-presidente foi acusado de obstrução a procedimentos
oficiais; conspiração para fraudar os Estados Unidos; conspiração para fazer
alegações falsas; e insurreição.
Formada por sete
democratas e dois republicanos, a comissão argumentou que Trump instigou o
ataque por seus apoiadores e forneceu "auxílio e conforto" aos
invasores.
"Nenhum dos
acontecimentos do 6 de janeiro teriam acontecido sem ele", diz um trecho
do relatório final da comissão, composto por oito capítulos e divulgado nesta
segunda-feira (19/12).
O grupo parlamentar
escutou mais de mil testemunhas em sua investigação.
Se Trump for
condenado pelos crimes apontados pelo comitê, ele poderia enfrentar multas com
valores consideráveis, mais de 10 anos de prisão e o impedimento de participar
de eleições.
Mas, segundo explica Anthony Zurcher,
correspondente da BBC na América do Norte, as implicações da decisão do comitê
são muito mais políticas do que legais, dada a limitação para que as acusações
dos parlamentares se tornem processos judiciais.
"As
recomendações, no entanto, gerarão dias de cobertura negativa, já que as
manchetes vão relatar o conteúdo das acusações e lembrar os americanos da
violência do 6 de janeiro e dos esforços de Trump para contestar, por meses,
sua derrota nas eleições", analisa Zurcher.
Embora as
recomendações da comissão em si talvez não tenham consequências legais diretas,
o próprio Departamento de Justiça está coordenando suas próprias investigações
sobre a invasão do Capitólio que podem chegar a pontos semelhantes aos apontados
pelos parlamentares do comitê. No mês passado, o procurador-geral Merrick
Garland nomeou um promotor especial para lidar com as investigações sobre o
ex-presidente, Jack Smith.
Para a surpresa de
poucos, Trump decidiu não cooperar com a comissão parlamentar e atacou
políticos e testemunhas que dela participaram. Ele chamou a atividade do grupo
como uma "caça às bruxas" com "motivação política". Em
outubro, o comitê intimou Trump, solicitando seu depoimento pessoalmente. O ex-presidente
não atendeu à demanda e provavelmente não precisará fazê-lo, porque os
republicanos assumirão o controle da Câmara dos Representantes no ano que vem.
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