O melhor produto do Brasil
O período das festas de fim de
ano sempre se caracteriza pela renovação das esperanças e, nos tempos atuais,
há uma exuberância de consumo, alegria, espetáculos, até porque é típico de nós
seres humanos a confraternização seja para celebrar a alegria, afastar as dores
ou esquecer as tristezas.
No entanto, após a ressaca dos
dias festivos que antecederam ao novo ano de 2013 a humanidade depara-se com a
realidade de uma terrível crise econômica consequência das políticas
neoliberais da nova ordem mundial que vem associada a um processo regressivo de
civilização imposto pelo capital financeiro global.
Essa tem sido também uma época
em que se promove uma escalada de guerras regionais de alta intensidade em
várias partes do mundo através da loucura das grandes potências mundiais
capitaneadas pelo consórcio anglo-americano em busca de riquezas e espaços
geopolíticos militares. Não vivemos, portanto, o melhor dos nossos momentos mas
um tempo de incertezas.
Além do mais nos encontramos sob a gerência executiva de uma governança mundial, quase oficial, uma hegemonia ideológica da grande mídia internacional sob a qual os povos são submetidos a um bombardeio de imediatismo, negativismo, desinformação, uma sistemática, indisfarçada política de insegurança para além da realidade já cheia de sobressaltos e perigos.
Na verdade os indivíduos se
encontram sob fogo cruzado, de um lado ameaças reais vindas de um mundo
turbinado ao extremo, furtado de qualquer horizonte que não seja o das
prateleiras cheias das maravilhas da revolução tecnológica, do estímulo insano
à competição entre grupos, corporações, pessoas, na busca do sucesso a qualquer
preço, nem que seja por quinze minutos de uma glória efêmera, discutível.
E por outro lado os cidadãos
encontram-se expostos à estratégia do pânico expressa nos alertas contra
catástrofes, crimes, doenças, contaminação alimentar, química, dietas, estética
do corpo, obesidade, terrorismo, enfim, a promoção ideológica da ansiedade
patológica que leva à paralisia do pensamento crítico onde o perigo é o ser
humano ao seu lado.
Já o nosso
povo, ele não se encontra imune a essa crise dos tempos atuais mas sua
civilização tropical e formação antropológica resistem, e procura celebrar a
vida, dando razão ao cientista social potiguar Luís da Câmara Cascudo quando
disse que o melhor produto do Brasil é mesmo o brasileiro.
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