Crescimento e desemprego
Jorge Jatobá
Convivem hoje no país
duas situações aparentemente contraditórias. Como explicar o paradoxo de
estarmos vivenciando simultaneamente baixos níveis de crescimento da economia e
baixo desemprego? Para o país como um todo há três explicações e para
Pernambuco uma especificidade.
A primeira explicação é que o Brasil está completando a sua transição demográfica. Estamos colhendo os resultados da queda da taxa de fecundidade que se apresenta como um bônus demográfico. Entre 1970 e 2010, o número de filhos nascidos vivos por mulher em idade reprodutiva despencou de seis para um pouco menos de dois. Isso significa que a população brasileira está crescendo menos e envelhecendo. Este envelhecimento se manifesta pela queda na participação de crianças e jovens (até 24 anos) e pelo aumento do peso relativo das pessoas com idade superior a 65 anos no total da população. Do ponto de vista do mercado de trabalho isso significa que se reduziu substancialmente o crescimento da população em idade de trabalhar (10 anos e mais) e da força de trabalho, ou seja, das pessoas que estão ocupadas e em busca de trabalho. Em outras palavras, a oferta de trabalho está crescendo menos.
A segunda explicação
reside no lado da demanda. A despeito da queda do ritmo da atividade econômica,
o crescimento da população ocupada ainda é maior do que a oferta de
trabalhadores. Os setores que lideram o estoque e o crescimento do emprego são
os de serviços, comércio e construção civil. Comércio e serviços estão
sendo puxados pelo crescimento do consumo resultante da política de aumento
real do salário mínimo, das transferências para pessoas e famílias e pela
elevação dos rendimentos dos trabalhadores decorrente do dinamismo do mercado
de trabalho. A construção civil está crescendo em consequência da onda de
investimentos que está afluindo para estados como Pernambuco, Maranhão e Rio de
Janeiro, das obras relacionadas à Copa de 2014 e dos investimentos em
infraestrutura que, a despeito da baixa execução, estão em curso no país
(rodovias, usinas hidroelétricas, etc.).A primeira explicação é que o Brasil está completando a sua transição demográfica. Estamos colhendo os resultados da queda da taxa de fecundidade que se apresenta como um bônus demográfico. Entre 1970 e 2010, o número de filhos nascidos vivos por mulher em idade reprodutiva despencou de seis para um pouco menos de dois. Isso significa que a população brasileira está crescendo menos e envelhecendo. Este envelhecimento se manifesta pela queda na participação de crianças e jovens (até 24 anos) e pelo aumento do peso relativo das pessoas com idade superior a 65 anos no total da população. Do ponto de vista do mercado de trabalho isso significa que se reduziu substancialmente o crescimento da população em idade de trabalhar (10 anos e mais) e da força de trabalho, ou seja, das pessoas que estão ocupadas e em busca de trabalho. Em outras palavras, a oferta de trabalho está crescendo menos.
A terceira explicação está na decisão dos empresários de, ainda, não demitirem. Existe a expectativa de melhor desempenho da economia brasileira nos próximos meses, o que aliado aos altos custos de demissão conduzem os empresários a reduzirem horas extras e turnos de trabalho, mas não a demitir até mesmo porque se errarem no cálculo da retomada econômica vão ter que readmitir trabalhadores com maiores custos, inclusive de recrutamento e treinamento. Portanto, muitos empresários, sobretudo na indústria estão guardando sua mão de obra na expectativa de que dias melhores virão. Mas essa atitude tem limites de tempo e de custo.
Em Pernambuco aplicam-se também as duas primeiras explicações. A especificidade do Estado decorre do boom de investimentos em atividades produtivas e em infraestrutura. Em Pernambuco o crescimento do emprego vem sendo puxado pela construção civil que tem enfrentado escassez crescente de trabalhadores, tendo sido necessário aumentar o patamar de remuneração para atraí-los tanto localmente quanto de outras regiões do país. Não é por outra razão que a despeito do baixo nível de escolaridade média da força de trabalho, a taxa de desemprego na Região Metropolitana do Recife (PED; RMR) é a mais baixa da série histórica. Essa taxa deverá ter uma rigidez maior para baixo nos próximos meses por causa do seu caráter residual. Só não tem conseguido emprego aqueles trabalhadores que não possuem qualificações mínimas para ocupar um posto de trabalho, mesmo na construção civil.
Para o país com um todo já há sinais de que o crescimento da ocupação está se desacelerando e de que a guarda da mão de obra pelas empresas está se esgotando. Mas o bônus demográfico veio para ficar. Quando empresários pararem de admitir e começarem a dispensar os seus trabalhadores nem o bônus demográfico evitará que o desemprego volte a subir. Esperemos que isso não aconteça em 2013.
Para Pernambuco as perspectivas são melhores, pois os investimentos, embora em menor ritmo, continuarão nos próximos três anos e, paralelamente, novas unidades começarão a operar. O mercado de trabalho vai continuar atraente, mas não para os mesmos trabalhadores que estão ajudando a construir a nova economia de Pernambuco. Novos desafios estão à frente.
Jorge Jatobá é Economista e Sócio da CEPLAN
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