A quem interessa subverter a ordem institucional?
Renato Rabelo, no Brasil
247
Chispas rondam o país
ameaçando incendiar o Estado de Direito Democrático. Desde que os setores
extremados do consórcio oposicionista não aceitaram a derrota eleitoral na
eleição presidencial de 2014 – numa conjunção com enorme aparato midiático – o
curso político nacional vive um estado de golpe permanente.
Alimenta essa situação excepcional as sucessivas
ações de vazamentos seletivos da Operação Lava Jato – dirigidas no sentido
político antigoverno e anti-PT, procurando atingir o ex-presidente Lula –, em
desdém às normas do Estado de Direito e à Constituição.
A história de uma nação por sua formação, curso
político, econômico, social e cultural, em função desse arcabouço próprio,
muitas vezes replica em acontecimentos semelhantes: o surgimento de
personalidades e lideranças que se apresentam de formas parecidas. Neste
momento vamos encontrar em muitas figuras do cenário político atual, perfis
semelhantes aos surgidos nas crises políticas de 1954 e 1964. Mas, atenção, em resguardo
à singularidade de cada período, como neste agora, o insólito é que se chegou a
um estado de golpe permanente, podendo tornar-se uma marca nesta fase da
história republicana do Brasil.
Na marcha dessa anormalidade, no âmbito do Poder
Congressual irrompe o recente acontecimento: o presidente da Câmara dos
Deputados, deputado Eduardo Cunha, impelido pela acusação de um delator na
Operação Lava Jato, e outras denúncias contra ele -- expressando uma posição de
forma intempestiva e colérica -- conclama que está "politicamente
rompido" com o governo. Agora é "oposição". Ou, "vou
explodir o governo". E a afirmação descabida, de que a operação Lava Jato
"é uma orquestração do governo" contra ele, parecendo procurar
desesperadamente uma justificativa para uma saga revelada, porquanto o sentido
político assumido por essa operação tem demonstrado realmente ser o contrário.
O PMDB declarou que tais manifestações de Eduardo Cunha são de cunho pessoal.
As decisões desse partido cabem às suas instâncias nacionais.
Diante desse candente fato sucedido, se expõe mais
uma componente que forma esse cenário político instável e excepcional de agora,
podendo prenunciar uma crise institucional. Tal componente demonstra no
conjunto da ação golpista perpetrada por setores do consórcio oposicionista uma
ameaça as instituições – sendo esta, o movimento político mais nocivo da hora
presente, integrado daqueles que ameaçam levar a nação aos escombros, truncando
o destino democrático desse grande país.
Por seus interesses imperativos, setores dominantes
poderosos e a elite conservadora e preconceituosa, aproveitando-se de um
momento peculiar de crise e de transição no Brasil e no mundo, não se pejam em
arrostar seus propósitos mesmo que, transgredindo a Constituição, o país retroceda
e se transforme numa republiqueta sem futuro.
Aproveitando-se assim do tumulto, vozes
reacionárias pregam saídas por fora da legalidade constitucional, verberando um
senso comum de um salvador para a situação, de uma comissão suprapartidária, ou
até de uma solução fascistoide, tipo intervenção militar. Esse mais recente
acontecimento que envolve diretamente um chefe de poder, por sua característica
revelada mais nitidamente, é um chamamento à razão que pode trazer um vislumbre
mais amplo da grande ameaça ao futuro do país.
Nessa situação, torna-se ainda mais verdadeiro e
justo, o que partidos e vozes mais consequentes e responsáveis pelo destino
soberano, democrático e de progresso social do Brasil insistem na assertiva da
defesa do Estado Democrático de Direito, da preservação da ordem
constitucional, da efetiva volta à normalidade política.
Em consequência, se destaca assim a defesa do
mandato constitucional da presidenta da República, Dilma Rousseff,
recém-eleita. É um fato político expressivo, na hora presente, a aprovação da
Carta do Piauí, dos Governadores do Nordeste, no seu 4º Fórum, ao defender que
a crise política no Congresso não pode interferir na constitucionalidade do
mandato da presidenta, pois não aceitam interrupção da governabilidade.
Nessa situação a resposta conclama também um
chamamento de respeito à ordem democrática, na qual os chefes de poder e
responsáveis pelas instituições do Estado cumpram sua função precípua nos
limites outorgados pela Constituição. Nesse sentido, é estranho o procedimento
do procurador Valtan Furtado, que se apropria de um caso delicado, para
desfechar uma ação preliminar de investigação contra o ex-presidente Lula,
transparecendo um sentido político, provocando uma medida abusiva e com
agravantes, motivando uma repercussão nacional e internacional.
Temos insistido no fato de a presidenta Dilma ter
recém começado seu novo mandato e merece uma parcela de crédito. Mesmo daqueles
que se fixam em explicar o sucedido como consequência principal de erros da
presidenta. Ela precisa dar curso ao seu governo.
Ademais, não se pode esquecer de que a presidenta
tem uma trajetória marcada pela integridade e coragem. Ela está consciente e
empenhada na transição atual para novo ciclo, para a retomada do crescimento
com soberania, democracia e avanço social. Apesar dos obstáculos e limites do
período atual ela persiste em articular um plano de governo de ação integrada.
E não se pode subestimar importantes iniciativas do
seu governo voltadas para grandes programas de investimentos já anunciados e
nas relações recentes com lideres das maiores potencias mundiais, resultando em
significativos acordos, destacadamente no âmbito do Brics, no propósito de
abrir uma nova etapa de desenvolvimento para o país, na perspectiva de uma nova
ordem mundial.
Leia mais sobre temas
da atualidade: http://migre.me/kMGFD
Nenhum comentário:
Postar um comentário