Eduardo Bomfim, portal Vermelho
Semana passada consideramos que a crise política segue sem
uma saída à vista. Só a convocação de eleições presidenciais, a implementação
de um projeto de desenvolvimento estratégico, assentado na centralidade do
interesse nacional, pode sustar um eventual vazio de poder no País.
O impedimento contra a presidente legitimamente eleita com
mais de 54 milhões de votos ampliou o desgaste das estruturas republicanas,
abalando seriamente os pilares do Estado nacional.
Tudo isso em meio à mais grave crise mundial do sistema
capitalista, desde o grande crash de 1929-1930, que também fustiga a economia
brasileira, um elemento a mais no imbróglio político, institucional, social que
nos atinge de várias formas.
Afastada provisoriamente a presidente Dilma Rousseff,
assume interinamente o governo Temer, cujas diretrizes programáticas repousam
no fato de não tê-las, absolutamente nenhuma, salvo a dependência ao capital
rentista, a empresários retrógrados, ao monopólio midiático nativo, às
potências avessas ao papel do Brasil junto aos BRICS, na geopolítica mundial.
Com ou sem crise institucional, financeira, o País é a 7ª
economia global, a quinta Nação do planeta em extensão territorial, com imensas
riquezas naturais, a maior reserva aquífera do planeta, a cobiçada, estratégica
Amazônia, e uma população superior a 200 milhões de habitantes.
Atingiu densidade urbana que ultrapassa 80% da população.
Uma sociedade complexa, diversificada, com demandas múltiplas, que exigem
soluções para as características próprias à realidade brasileira.
Mas a Nação segue numa encruzilhada, a democracia
golpeada, além de uma profunda crise das estruturas republicanas que pode levar, até mesmo, ao inescrutável terreno de um vácuo de poder.
O governo Temer rejeitado por intensas manifestações de
democratas, legalistas, move-se em rumos desconexos, além de ser alvo de
processos policiais-jurídicos. Tudo aponta para uma brevidade quase anunciada.
Tornam-se decisivas eleições presidenciais antecipadas que
assegurem os interesses nacionais, a democracia sobrestada.
E estratégias eficientes de governo capazes de superar
impasses na administração, na economia, na relevância dos poderes da República,
na justiça social, próprias, em Nicolau Maquiavel, à condução da “Virtù” em
políticas de estadismo.
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