Para piorar, técnico Renato Gaúcho disse
que o Grêmio não é time de freiras
Tostão, Folha de
S. Paulo
Futebol é muito bom, mas não é a coisa mais importante do mundo,
nem para quem adora, trabalha e/ou se diverte com o esporte. Precisamos seguir
as orientações das entidades de saúde, para tentar diminuir a disseminação do coronavírus, sem entrar em pânico.
A pancadaria no Gre-Nal, que
poderia acontecer em outros clássicos regionais do Brasil, é um atestado de
instabilidade emocional e de falta de civilidade. É um machismo dos jogadores,
para mostrar que são raçudos. Para piorar, Renato Gaúcho disse, após a partida,
que o Grêmio não é time de freiras. Deve ter recebido aplausos.
Jorge Sampaoli, novo técnico do Atlético,
incendiou a torcida atleticana ao dizer que a estratégia da equipe é atacar,
seja onde for e contra qualquer adversário. Será a versão moderna e científica do
Galo Doido?
Times, torcedores, treinadores e imprensa, influenciados pelo
Flamengo de Jorge Jesus, vivem as delícias da ofensividade. Descobriram o
óbvio, que uma equipe pode ser ofensiva, sem fragilizar a defesa, e que não se
avalia a estratégia de uma equipe pela prancheta, pelo desenho tático.
Independentemente do desenho tático, as equipes mais ofensivas
são as que pressionam quem está com a bola, em todo o campo, que tentam
recuperá-la mais perto do outro gol, que possuem vários jogadores que defendem,
atacam e executam mais de uma função, que são compactas e vários outros
detalhes.
Os times brasileiros estão mais ofensivos, mas ainda cometem
muitos erros táticos e deixam muitos espaços entre os setores. Os zagueiros
jogam colados à grande área.
O Palmeiras tem atuado com quatro atacantes, dois no meio e,
quando perde a bola, deixa um buraco no meio-campo. Contra adversários mais
fortes, isso poderá ser decisivo. A equipe abusa também das bolas longas da
defesa para o ataque, para aproveitar a velocidade de seus quatro ótimos
atacantes.
Dudu é um atacante, seja pelo centro ou pelos lados. Não é um
meia de ligação. Nunca foi. Durante o jogo, atua em todos os setores do ataque.
Dá bons passes para gol, seja quando está centralizado ou pela ponta.
Vanderlei Luxemburgo e outros técnicos brasileiros precisam
aprender com Jorge Jesus a organizar um time agressivo, que ataca com muitos
jogadores, que recupera rapidamente a bola, compacto e que dá pouca chance ao
adversário. Sampaoli e Coudet têm perfis parecidos ao do técnico do Flamengo.
O jovem volante Patrick deveria
ser titular desde a estreia. Ele se posiciona bem, desarma muito e tem um passe
rápido e preciso. Ramires, que tem jogado, sempre se destacou pela chegada
rápida ao ataque. Nunca foi um grande organizador. No time atual do Palmeiras,
com quatro na frente e somente dois no meio-campo, não dá para ele avançar.
Além disso, não tem a mesma condição física de tempos atrás.
O São Paulo tem um jogo coletivo mais organizado que o do
Palmeiras, mas não tem tantos ótimos jogadores no ataque. Por outro lado,
possui o melhor jogador de meio-campo do Brasil, Daniel Alves, pelo talento
individual e coletivo e pela lucidez nas decisões.
No futebol, se ganha e se perde de várias maneiras. O Liverpool,
pela Liga dos Campeões, massacrou o Atlético de Madrid, do início ao fim, criou
inúmeras ótimas chances de gol, mas perdeu e foi eliminado.
Depois da partida, Klopp estava decepcionado e revoltado com a
postura defensiva do adversário. Ele foi um mau perdedor ou foi um desabafo
romântico de alguém que só aceita vencer com um belo e eficiente futebol?
[Ilustração: Foto de Diego Varas/Folha de S. Paulo]
[Ilustração: Foto de Diego Varas/Folha de S. Paulo]
Acesse
o canal ‘Luciano Siqueira opina’, no
YouTube http://abre.ai/aKUs leia mais sobre temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF
Nenhum comentário:
Postar um comentário