Fiocruz pretende ter 30 milhões de doses de vacina contra covid prontas já em fevereiro
Valor Econômico
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pretende começar a produzir as primeiras doses da vacina contra a covid-19 já em janeiro, mesmo antes de sair o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ontem, em evento com jornalistas sobre o andamento dos testes da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AztraZeneca, o diretor de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Maurício Zuma, afirmou que o objetivo é iniciar a produção assim que a instituição receber o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), o que deve ocorrer em janeiro. A Fiocruz estima para fevereiro a concessão do registro da vacina. Ela prevê que, entre o recebimento do IFA e a autorização do órgão, seriam produzidas até 30 milhões de doses, que ficarão armazenadas para distribuição imediata tão logo a Anvisa permita o uso no país.
“Poderemos ter 30 milhões de
doses até fevereiro. Vamos começar produzindo em janeiro para ter o produto já
disponível quando sair o registro”, disse Zuma. Rosane Cuber, vice-diretora de
Qualidade de Bio-Manguinhos/Fiocruz, explicou que a vacina em estudo pela
Fiocruz mostrou bons resultados até o momento, com o desenvolvimento de
anticorpos neutralizantes para o Sars-CoV-2 - vírus que causa a covid-19 - em
91% dos voluntários que participaram dos testes. Ela afirmou ainda que os
testes mostram também que a eficácia aumenta quando são ministradas duas doses,
mas acrescentou que ainda não há definição se serão necessárias duas doses ou
apenas uma quando o protocolo de vacinação estiver pronto.
O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, afirmou que o cenário para o ano que vem provavelmente incluirá mais de uma vacina disponível, como por exemplo a CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac e que deverá ser fabricada no Brasil pelo Instituto Butantã.
“Temos que
tomar alguns cuidados, mas esse é cenário desejável”, disse Krieger. “A Anvisa
garante que vacina será segura”, acrescentou, lembrando que o Brasil está em
uma posição “muito privilegiada no que diz respeito à disponibilização de
vacinas, uma vez que a Fiocruz vai ter, em 2021, a possibilidade de fabricar
grande número de doses. Krieger lembrou que a vacina é um dos braços de combate
à pandemia e que a introdução das doses no país já em 2021 vai permitir a redução
da circulação viral. Zuma ressaltou que as instalações de Bio-Manguinhos
permitem processar até 40 milhões de doses por mês, mas inicialmente a Fiocruz
conseguiu IFA em volume suficiente para apenas 15 milhões doses mensais.
“Receberemos esse limite e processaremos isso até julho”, disse, chegando à
conta de 100 milhões de doses com o IFA importado no primeiro semestre. No
segundo semestre, com o IFA já produzido aqui, a capacidade inicial também
seria de 15 milhões de doses. “Mas já discutimos aquisição de equipamentos
maiores para produzir 30 milhões de doses de IFA por mês. Queremos ampliar [a
capacidade], mas não sabemos quando”, disse Zuma. Com isso, a expectativa para
o ano que vem é de cerca de 210 milhões de doses totais saindo da linha de
produção de Bio-Manguinhos, seja com IFA importado, seja produzido
internamente. “Só estamos conseguido dar essa resposta por causa da nossa
capacitação prévia”, ressaltou Zuma.
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