2016, ano de apresentar os lutadores do povo à sociedade
Nilson Vellasquez, em seu blog
No ambiente
conturbado, de aguçamento da crise econômica mundial e de seu rebatimento na
economia nacional, a crise política instaurada desde a reeleição de Dilma
Rousseff à presidência da República e todas as suas consequências, tem sido
comum, entre os setores mais consequentes da esquerda, dos quais faz parte o
PCdoB, a repetição de que, em períodos de crise, oportunidades aparecem para o
crescimento partidário.
O exame
detalhado da história de nosso país, e dos comunistas, confirma essa
possibilidade. Afinal de contas, é fato o crescimento partidário obtido por
volta dos anos 30 e 40 do século XX, períodos em que a grande crise de 29, a ascensão
do nazifascismo e a II Grande Guerra deram o tom do que viriam a ser aquele
período.
No Brasil,
a repressão, perseguição e preconceito que sofriam o PCdoB naquele momento não
impediram os comunistas de obter resultados eleitorais significativos, conquistando
bancadas parlamentares em grandes cidades, candidaturas a presidente, além de
uma expressiva participação na Constituinte de 1946. Aliado a isso, uma
inserção significativa entre os sindicatos e os movimentos sociais da época,
além da atuação na ANL. A essa atuação, embora inimigos principais tenham sido
combatidos, soma-se a diversidade de temas que nossas lideranças se propuseram
a tratar em suas intervenções: educação, liberdade religiosa, questão racial
etc.
Nesse
sentido, mesmo entendedores de que os fatos que estão postos hoje são
diferentes dos de outrora, é importante realçar a ousadia com a qual os
comunistas devem se portar em tempos difíceis: preservar a identidade
partidária, garantir nossa sobrevivência, mas jogar a rede em busca de novos
adeptos às nossas ideias e práticas é urgente. Por isso, as eleições municipais
de 2016 cumprem sentido estratégico na trajetória de acumulação de forças
partidárias. Para tal, entender a natureza da crise política em que vivemos e
utilizar os meios necessários para superá-la, sobretudo no que concerne ao
entendimento da classe trabalhadora, são pontos nodais de nossa atuação.
A atual
crise política do Brasil é, essencialmente, fruto da radicalização da luta de
classes, aqui e no mundo. Fruto de incontáveis lutas históricas que desaguaram
na eleição de Lula em 2002, mas que teve seus desdobramentos na insatisfação
das classes dominantes com as tentativas de perdas de seus privilégios e
conquistas de direitos das classes trabalhadoras. Dessa forma, na tentativa de
desqualificar o projeto, as classes dominantes utilizaram-se, como em variados
momentos da história, da criminalização da atividade política e da sua
correspondente judicialização.
A obra
dessa criminalização, iniciada desde o primeiro dia do Governo Lula, é um
efeito perverso na superestrutura político-ideológica de afastamento das
pessoas da atividade política; quando não, aliados ao niilismo do século XXI,
ao modo pós-modernista, individualista de encarar o mundo, há um preenchimento
das atividades políticas por grupos ditos setoriais, ou minoritários.
Diante
desses fatos, antes de encarar quaisquer juízos de valor, haja vista
entendermos o que é central em nossa atuação política, é necessário termos a mínima
correspondência com a forma com que os movimentos sociais se organizam
atualmente e incorporar essa forma de atuação à nossa tática eleitoral.
Se é
verdade que a corrupção e os acordos políticos escusos não acabarão nem tão
cedo, visto que é parte constitutiva do sistema capitalista, é verdade também
que os comunistas e as forças mais avançadas não podem abrir mão da consciência
de inúmeros militantes que, mesmo não enxergando nos partidos seu modelo de
organização, militam por causas justas.
Nesse
sentido, aos comunistas, e não a outrem, cabe o papel de apresentar à sociedade
os homens e mulheres que lutam pela igualdade de gênero, os que lutam pelo fim
do racismo, pela emancipação feminina, pelo direito à cidade, etc. As eleições
devem ser momento de convergir as várias práticas sociais que deságuam num Novo
Projeto Nacional de Desenvolvimento.
As
eleições, dessa forma, cumprem o papel de mostrar à sociedade que é possível
construir opiniões para os mais diversos setores da sociedade sem desqualificar
a atuação política, entendendo que é possível construir plataformas avançadas,
para os trabalhadores, nas mais diversas áreas de atuação e que o descrédito
para com a classe política precisa ser combatido, fazendo com que os mais
diversos segmentos da sociedade se sintam representados nas chapas
próprias a vereador Brasil a fora. Essa maneira de traduzir a luta específica
para a luta geral é capacidade inerente aos comunistas, portanto a oportunidade
de construí-la a partir do jogo eleitoral não pode passar. É fundamental, é
estratégico.
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