Uma luta urgente e necessária
O plenário do Senado
aprovou na noite de ontem (23) a manutenção do regime de urgência do PLS
131/2015, de autoria do senador José Serra (PSDB/SP). O PLS prevê, dentre
outras coisas, a retirada da garantia da Petrobras atuar como operadora única
da exploração do petróleo nos contratos futuros do pré-sal. Não há dúvida que a
aprovação deste projeto não traz nenhum benefício para a Petrobras e para o
Brasil.
Por André Tokarski*
“A Petrobras, desde a sua criação, foi mais
que uma empresa pública. Surgiu como um emblema da nacionalidade, a sigla
mística que podia abranger e reunir o maior número possível de brasileiros
fiéis à sua pátria. Petrobras era um símbolo que, por si só, despertava
emoções, como se a sua missão fosse a de acender estrelas, para iluminar o céu
do futuro do Brasil”. (Barbosa Lima Sobrinho)
A
pretexto de defender os interesses da empresa, os que buscam retirar a
Petrobras da exploração do petróleo no pré-sal querem é enfraquecê-la. As
imensas jazidas de petróleo localizadas na região do pré-sal são a garantia de
que a Petrobras terá reservas de comprovada produtividade para explorar pelo
próximos 20 anos. Uma empresa produtora de petróleo vive de produzir petróleo e
de buscar repor suas reservas. Por que então retirar essa garantia da
Petrobras?
Não há
nenhuma vantagem tática, muito menos estratégica, na aprovação deste projeto. O
PLS 131/2015 é parte de um pacote de medidas que visam implementar a chamada
“Agenda Brasil”. Nesse pacote incluem-se a autonomia do Banco Central, o PLS
555/2015, que prevê a venda de parte de todas as estatais ao mercado de
capitais, o PL 4330/2004, da terceirização e precarização do trabalho, entre
outros. Aprovar o PLS 131/2015 é dar força para setores da oposição de direita
avançarem em sua agenda neoliberal, além de fragilizar e dividir a base de
apoio ao governo Dilma no Senado. Dilma se comprometeu publicamente em
preservar as regras do regime de partilha, foi um dos principais compromissos
de sua campanha de reeleição.
É
inoportuna também a proposta de flexibilizar a participação da Petrobras no
pré-sal, deixando a cargo do Conselho Nacional de Política Energética definir
quais blocos a estatal seria operadora ou não. Por mais bem intencionada que
seja tal medida, ao deixar a decisão ao governo de ocasião, abre um perigoso
flanco no caso de uma vitória da direita nas eleições presidenciais de 2018. Os
interesses da Petrobras e do país estariam igualmente prejudicados.
Poderia
se argumentar que tal medida visa acelerar a exploração de petróleo no pré-sal,
ao desobrigar a Petrobras de atuar enquanto operadora única. Ocorre que em
nenhum lugar do mundo está se planejando aumentar a produção de petróleo neste
momento. Pelo contrário, Rússia e Arábia Saudita, dois grandes produtores
mundiais, debatem o congelamento da produção e até a redução da oferta, como
meio de recuperar o preço do petróleo no mercado internacional.
A
aprovação do PLS 131/2015, portanto, não se relaciona com a necessária agenda
da recuperação da economia brasileira. Num momento de baixa de preços no
mercado internacional os planos de expansão da produção estão praticamente
paralisados. O principal objetivo das grandes petroleiras no curto prazo é
assegurar novas reservas, para voltar a aumentar a produção quando os preços do
petróleo retomarem uma trajetória ascendente. Portanto é falso o argumento de
que retirar a Petrobras da operação do pré-sal pode reaquecer a indústria de
petróleo e gás no Brasil e ajudar na retomada do crescimento.
Outro
dado flagrante do excesso de oferta de petróleo no mundo, e que atinge o
Brasil, foi a baixa procura pelos blocos exploratórios ofertados na 13ª Rodada
de licitações da ANP, realizada em outubro de 2015. Apenas 14% das ofertas
foram arrematados.
A
pauta prioritária e emergencial para retomar a indústria de petróleo e gás e a
indústria naval, e preservar os milhares de empregos que estas geram, é aprovar
a MP da Leniência e impedir a falência das grandes construtoras envolvidas nos
escândalos da Petrobras, sem prejuízo da punição individual aos agentes que
praticaram atos ilícitos.
A
Petrobras foi envolvida no epicentro da grave crise política que o país
atravessa. É vítima dos desvios cometidos há quase duas décadas por alguns de
seus ex-dirigentes e por empresários. Deve ser ressarcida e não punida. A
jogada no Senado aproveita a fragilidade passageira da empresa para justificar
um atentado aos seus interesses e aos de seus verdadeiros acionistas, o povo
brasileiro.
Como
defende o Programa Socialista do PCdoB, “o Brasil vive uma encruzilhada
histórica: ou toma o caminho do avanço civilizacional, ou se submete ao jugo
das grandes potências e à decadência socioeconômica.” A defesa da Petrobras e
do pré-sal é uma batalha incontornável para o caminho de um Brasil soberano e
desenvolvido.
*André Tokarski é secretário de Juventude e de Movimentos Sociais do PCdoB
*André Tokarski é secretário de Juventude e de Movimentos Sociais do PCdoB
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