De olho nas fronteiras
Aldo Rebelo, no portal Vermelho
A doutrina
da Defesa Nacional do Brasil segue a tradição renovada de manter abertas as
fronteiras que se estendem por 16.889 quilômetros com nove países e a Guiana
Francesa.
O fluxo de pessoas nem chega a ser
controlado em pontos onde a linha divisória é uma rua binacional, a exemplo de
cidades-gêmeas como Santana do Livramento (RS) e a uruguaia Rivera, ou
Tabatinga (AM) e Leticia, na Colômbia. Mas existe um antigo conceito
geopolítico, inscrito na Constituição, que considera a “faixa de fronteira”
como “fundamental para defesa do território nacional.”
As ações de Estado previstas para essa
faixa de 150 quilômetros, com pontos de ocupação e imensidão erma, vão desde o
incentivo à habitação, para implantação das chamadas fronteiras vivas, até a
repressão de crimes, sobretudo o contrabando, além da dissuasão de qualquer
tentativa de usurpação estrangeira. Assim se aplica o conceito de fronteiras
abertas, mas vigiadas. Nessa linha, o governo brasileiro desenvolve um programa
ambicioso, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras, Sisfron.
Já avançado na divisa com o Paraguai em
Mato Grosso do Sul, o aparato de vigilância inclui quarteis, radares
sofisticados de curto e longo alcance, equipamentos de visão noturna, torres de
observação e transmissão de dados, câmeras e imagens por satélites,
helicópteros, caças e veículos aéreos não tripulados (vants), carros blindados
e embarcações especiais. Centros de inteligência analisarão situações de
conflito e, no figurino de um sistema militar moderno, decisões poderão ser
tomadas com rapidez e eficácia operacional.
Como é inerente aos programas da Defesa
Nacional, o Sisfron demanda e alimenta a indústria privada, não só para
fornecimento de equipamentos e serviços, como também geração de tecnologia que
pode ser estendida a outros setores e exportada. Recentemente, o programa foi
apresentado a países árabes.
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