IPEA mostra que sem aperfeiçoamento do programa, em
2011, cerca de 6 milhões ainda estariam abaixo da linha da pobreza
Sem um
programa de transferência de renda, como o Bolsa Família, que condiciona o
pagamento do benefício à criança nas escolas e a realização de exame pré-natal
pelas futuras mães, milhões de crianças ainda estariam em situação de extrema
pobreza. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE 2011), mostra que 11% da
população com idade entre 5 e 10 anos estariam hoje nessas condições.
Os dados foram
apresentados pelo secretário nacional de Renda de Cidadania do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Tiago Falcão, nesta terça-feira
(10), durante o XI
Seminário Internacional Políticas Sociais para o
Desenvolvimento, realizado nesta semana, em Brasília. Falcão explicou que a
transição do Bolsa Família para o Brasil sem Miséria foi necessária para
incluir no programa aqueles que, mesmo trabalhando e recebendo o benefício,
permaneciam abaixo da linha da pobreza.
A projeção do
Ipea aponta que, sem as mudanças efetuadas, embora o número de crianças vivendo
em condições de pobreza fosse menor do que se o programa não existisse, ainda
seria elevado: em torno de 6% permaneceriam nessas condições. “As alterações
que fizemos no Bolsa Família durante o Brasil sem Miséria permitiu então que
chegássemos a atual realidade, com todas as faixas etárias balanceadas, abaixo
de 2%.”
Antes de 2011,
os benefícios eram fixos e consideravam a composição da família para
estabelecer o valor para a criança, para os adolescentes e para as famílias
extremamente pobres. A chegada do Brasil sem Miséria alterou a estrutura do
benefício, ao estabelecer o complemento para famílias com renda per capita
abaixo da linha da pobreza, fixada em R$ 77.
O programa
hoje mantém 36 milhões de pessoas fora da miséria e provoca impactos na
educação e
na saúde. Por exemplo, nesses 13 anos, aumentou em 50% os cuidados
de saúde pré-natal. Por outro lado, caiu em 14% o número de nascimentos
prematuros e de bebês nascidos abaixo do peso. A vacinação hoje alcança 99,1%
das crianças. Além disso, foi observada a redução de 46% das taxas de
mortalidade de crianças de 0 a 5 anos relacionadas à diarreia e 58% das mortes
nessa faixa etária relacionadas à desnutrição.
Na educação,
houve queda na desigualdade entre os 20% mais pobres e o restante da população.
Para ter uma ideia, em 2002, apenas 32,1% dos alunos mais pobres com até 15
anos estavam na série adequada. Em 2014, o percentual passou para 58,2%. Para
ter uma ideia, entre o restante da população, em 2002, 63,1% dos alunos com 15
anos estavam na série adequada. O percentual também cresceu, para 78,8%. Ou
seja, no intervalo de tempo, houve redução da desigualdade na educação, pois o
hiato que era de 31% no início da década, recuou para 20,6% em 2014.
Fonte: Portal Brasil, com informações
do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome
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